MEMORIAIS UNIVERSITARIOS

MEMORIAL 4

Hoje dia 23 de março de 2011 estamos completando vinte quatro dias de aula na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e parecem seis meses pelo tanto que tenho lido pelo mais que tenho escrito, onde a cada dia contado nos dedos me orgulho mais e mais desta oportunidade de aprendizado secular. Tenho anotado numa pauta que criei para não esquecer o que fazer nos próximos dias em sala de aula, “coisa de velho sabe, senão esqueço” vinte e cinco topicos importantes tais como trabalhos, seminario em classe, leitura prévia ou seja estudo em tempo integral. A televisão virou artigo de luxo em minha vida, noticias vejo na internet e maior parte do tempo em casa ou fora estou lendo alguma coisa para as aulas na universidade. Tenho o carinho e o respeito dos meus colegas de classe com quem irei desfrutar quatro anos ou mais em projetos e extensão enfim há um leque de variedades a minha espera e também tenho os excelentes professores onde cada um tem a sua forma especial de ser e tenho um profundo respeito e admiração por cada um deles. A leitura continua sendo extremamente necessária, já estamos fazendo alguns trabalhos e exercícios em classe o que avalia o nosso aprendizado e às vezes eu fico apertado por que compreendi o tema mas não consigo explicar o meu pensamento de forma compreensível. Posso perceber que o fato de estar estudando mudou o nosso relacionamento no lar. Meu filho tem prazer em me falar o que tem aprendido lá no Senai onde esta fazendo um curso técnico preparatório para administrador de empresas misturado com o aprendizado de toda a sistemática de um escritório onde ele possa fazer de tudo em todos os setores e ele esta assim bem animado ao longo dos seus dezoito anos. Minha filha esta com doze e no terceiro ciclo e me pede sugestões vai ao computador faz lá suas criações para a aula de arte que percebo ela faz um destaque especial e vejo que meus filhos tem orgulho e prazer em poder dizer aos seus colegas que o seu pai esta na universidade. Já os adultos me decepcionam às vezes com suas opiniões. Quando digo que estou fazendo Ciências Sociais eles pensam tudo menos da importância do meu curso. Confundem com Assistente Social, Enfermagem, coisa de cuidar de paciente mental e outras coisas mais estranhas; já me disseram que estou gastando dinheiro e tempo atoa e que isto não vai me acrescentar nada. Ai eu volto lá naquela coisa da tradição em nosso País. Para os leigos, digo leigos porque entre meus amigos a maioria não tem ninguém da família na universidade ou que já tenha passado por ela e para eles o que se estuda em faculdade é direito alias eles falam advocacia, medicina, engenheiro, dentista, oculista e outros “istas” mais. Na verdade aumenta a minha responsabilidade porque alem de me tornar um bom professor para lecionar aos filhos dos meus amigos, tenho que na sequencia fazer um bom mestrado ou doutorado para que a partir daí possam reconhecer a importância da matéria que eu estou estudando. Meu irmão quebrou a perna e me dispus a auxilia-lo neste momento de dificuldade. Estou sacrificando a minha família e saio de Betim e vou a Santa Luzia onde o pego e levo todos os dias para o Campus e durmo lá nos dias que não vou trabalhar. Tenho um adesivo no vidro traseiro de meu carro que diz “eu amo minha família” e precisam entender que a minha família não é apenas minha esposa e filhos onde hoje habito, mas os outros filhos do primeiro casamento cuja mãe faleceu, as cunhadas que a tradição diz que não é parente, minha única tia viva que mora em Itambi no Rio de Janeiro, meus netos, meus sobrinhos todos são minha família. É por isso que tenho procurado manter uma arvore genealógica da família registrando sempre com o máximo de informações possíveis. Este apoio ao Edson não é em busca de gloria dos homens é algo que irá fazer a diferença em nossas vidas em algum momento no futuro e o faço com o maior prazer e felicidade por ter a oportunidade de fazer isto. Hoje o prof. Neto me autorizou a utilizar o elevador do nosso prédio. Assinei um termo de responsabilidade e recebi uma chave do elevador desfrutando dos direitos adquiridos no Estatuto do Idoso, já que subir pela escada os quatro andares até a sala de aula é um grande sacrifício para muitos e também para mim.

No sábado dia dezenove participei da primeira reunião do projeto Lições da Terra. É uma maneira de estar presente em locais que só vemos na televisão e certamente é uma experiência que ficará marcada em meu coração para sempre. Quero participar e certamente irei aprender muito mais que ensinar em qualquer comunidade para a qual eu for designado a visitar. Amei o projeto e vou participar do mesmo. No encerramento da reunião que foi muito proveitosa pude dar minha contribuição utilizando alguns instrumentos musicais, violão, tambores e percussão em geral junto com o Edson meu irmão quando fizemos uma dinâmica musical e todos se divertiram bastante inclusive com o Prof. Frei Célio que entrou na roda, cantou e brincou junto a todos os presentes. São momentos importantes que acrescentam mais e mais disposição para continuar esse maravilhoso período em minha vida. Outra coisa que gostei muito de fazer foi observar os fatos ao meu redor e fazer o trabalho etnográfico cujo resultado não sei qual será mas tirarei muito aprendizado das correções que forem feitas para melhorar em outros que me forem pedidos. Não posso afirmar ainda, porque tenho muito que aprender e muita coisa nova que sequer imagino qual seja, mas creio que irei desenvolver ao máximo essa minha sensibilidade com a Antropologia pois são atividades que estão dentro de algo que eu sempre fiz sem conhecer nenhuma técnica e claro fazia tudo errado. Hoje dia 23 de março de 2011, o Prof. José Márcio nos ensinou a fazer fichamento de livros algo que eu sempre fiz em toda a literatura que me pertence só que de uma outra forma. Eu marco com giz cera em cores variadas e distintas de forma que quando eu retornar àquele texto para reler, fazer algum comentário ou recordar, pela cor e os destaques já sei o que esta escrito ali e o nível de importância para meu entendimento e comentário ou discussão. Hoje aprendi uma técnica muito melhor e se eu decidir fazer um fichamento de tudo que já li, só terei que numerar e registrar os outros detalhes já estão feitos. Embora pouco se fale a respeito, eu sempre fiz um diário de minha vida. Tenho muitos anos de escritos relacionados com o meu dia a dia. Muitos anos mesmo, posso dizer em torno de uns trinta anos quando poderei dizer exatamente o que fiz neste ou naquele dia e fatos reais registrados por meu próprio punho. Caso queira fazer uma etnografia da minha vida tenho todos os fatos reais necessários para tal literalmente registrados. Portanto, claro, tenho que dar um passo de cada vez mas já posso dizer com tranquilidade, antropologia, me aguarde. Como aluno do prouni vindo de escola publica da qual me ausentei por muitos anos, certamente estamos sendo avaliados e daqui alguns anos cinco ou dez a instituição PUC o governo estadual e federal farão um gráfico do resultado dessa experiência em ensino escolar se foi positivo ou negativo e preciso fazer a diferença, tenho que procurar ser melhor a cada dia e aprender com sinceridade fazendo-o com muito gosto em cada instante de aula tendo bons resultados e assim tem sido esse período de novo aprendizado em minha vida.

01 MAIO 2011

MEMORIAL 5

Chegou o momento de demonstrar a minha capacidade de reter conhecimento em vista de tudo que os professores tem falado cada um relacionado com sua matéria. Chegou o momento de fazer as provas escritas, o momento em que irei demonstrar a mim mesmo e principalmente ao professor que estou assimilando o seu ensinamento. Então vem uma grande preocupação e eu acabo colocando duvida em minha mente quanto ao estar ou não realmente preparado. Agora que escrevo já fiz a prova de sociologia e sinceramente acho que fui muito mal na mesma. O meu entendimento da literatura clássica melhorou muito, entender a explanação da Rita também; consegui nos últimos tempos melhorar muito, mas optar pelo certo ou não numa múltipla escolha me confundiu um pouco e até me sinto bem em imaginar que fracassei na prova pois se conseguir um bom resultado ficarei duplamente feliz. Melhorei muito também na forma de compreender a leitura de filosofia no texto do Ortega que confesso ao fazer a primeira vez, tive que parar, respirar fundo e perguntar:

- Para quem ele esta falando? Quem teria que estar aqui deste lado que não fosse eu? Será que este autor esta falando para alguém aqui da terra? Deste planeta? Sim, eu não acreditei naquilo que tinha lido. Não entendi nem uma palavra nem mesmo as mais óbvias. Então reli, pausadamente, relendo o não entendido, e fui percebendo que havia partes do texto que embora ali estivesse não era parte do conteúdo, e ao começar a fazer esta separação passei a entender o texto e me apaixonei por ele. Fiz uma prova oral e consegui 80% de aproveitamento. Para mim um resultado maravilhoso. Agora terei mais um grande desafio pela frente. A prova de historia que possui um longo e intrincado texto, política que é muito teórica em todos os sentidos e a prova especifica de antropologia; entretanto o que cria em mim esta ansiedade é não ter uma estrutura básica em que me amparar para estudar com confiança. Quando eu consigo me posicionar dentro do texto tudo fica mais fácil, mas quando não sei em que século pensar, em que tipo de situação me colocar, aí o cérebro fica no famoso embaralhamento psicológico. São momentos diferentes que se confundem com a minha realidade e às vezes não consigo fazer uma separação por que não dizer objetiva do momento histórico que estou lendo. A prova escrita com perguntas de múltipla escolha é um desafio a parte para mim e sempre foi, mas sempre passei bem por este desafio do entendimento literário que deve ser transcrito de acordo com um excelente entendimento de minha parte para ser bem compreendido principalmente pelo professor.

Sábado dia 9 foi dia de ouvir sobre os indígenas e quilombolas na reunião do projeto Lições da Terra. Gostei muito de ouvir as boas novas e conhecer melhor a situação desse grupo de cidadãos que às vezes ainda não consegue aceitar dentro de si a descendência africana o que os impede até de serem auxiliados pois os seus direitos estão implícitos em sua condição de aceitarem e assumirem o seu papel na sociedade que os cerca. Este é um projeto que vai ser fácil de realizar embora exista ai a convivência com os indivíduos em seu habitat natural o que certamente me trará grandes emoções e dificuldades. Bom também é fazer na área de antropologia o mapa de percurso, observar muito e encontrar algo que faça um diferencial para que todos possam ver que a diversidade encontra-se em todos os espaços, mesmo onde vivemos e passamos por este caminho dias e dias, vezes e vezes e nosso olhar nem percebe esta ou aquela diferença e este tipo de trabalho mexe com nossa capacidade de observação. Depois vou fazer o que gosto que é escrever um relatório denso desta experiência. Gosto muito dessa palavra denso mais até que a palavra argumentar. Sempre realizei mais o ler e escrever que o argumentar pois este ultimo depende e muito das pessoas que fazem parte do nosso dia a dia, o assunto e o objetivo que se busca. Claro que para mim é melhor escrever e muito pois gosto de fazê-lo e sinto –me bem, já que desde os tempos de ginásio sempre gostei de fazer uma redação ou um trabalho e espero que esteja fazendo da forma mais correta possível. Debater e argumentar ainda sem pleno conhecimento daquilo que for proposto me causa uma certa insegurança. Continuo colocando o estudo como prioridade sempre que necessito fazer escolhas. Meus amigos e familiares a medida que vão sabendo dessa minha nova jornada de vida, referindo-se ao estudo universitário, ficam muito felizes e alguns até já pensando em seguir este mesmo caminho o que me deixa orgulhoso. Agora vou para as apostilas pois tenho muito para ler e reter na mente nas próximas horas até o momento de cada uma das temíveis provas. 01 JUN 2011

ederbrasil
Enviado por ederbrasil em 24/08/2011
Reeditado em 30/04/2012
Código do texto: T3179611
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