Um dia diferente

Encontramo-nos à beira de um dilema. O que devemos fazer? Agir com correção, honestidade, sinceridade, hombridade, haja vista serem tais princípios norteadores para que possamos viver em harmonia com nossos semelhantes? Ou manipular a situação ao nosso bel prazer, tentando obter mais e mais vantagens, sendo muitas delas questionáveis, através da mentira, desonestidade, falsidade, traição?

O mundo de hoje, repleto de atitudes inconseqüentes, incluindo daqueles que deveriam servir de exemplo, mostra, no mínimo, uma ausência completa de valores. O que antes era considerado não só princípio de boa formação, mas também distinguia uma pessoa que baseava sua vida na correção de suas atitudes daquelas que nada queriam ou podiam demonstrar de valoroso ou nobre, hoje é considerado anacrônico e defende-se, às vezes veladamente, outras publicamente, a idéia de que levar vantagem em tudo é o melhor caminho. Como se isso, as vantagens meramente materiais, fosse o mais importante.

Obviamante, não se está a afirmar que a presença de bens materiais em nossa vida é algo desnecessário ou não, haja vista que devemos satisfazer todos os nossos anseios, abrindo inclusive as portas a termos absolutamente tudo o que desejamos e que nos satisfaz. Mas o que aqui se questiona é o modo de adquiri-las. Tê-las, pelo simples prazer de tê-las sem medir a forma como foram adquiridas ou saber utilizá-las de maneira a trazer-nos benesses sem causar dissabores aos demais, eis um desafio que temos de vencer.

Defender a idéia de abstermos de possuir bens materiais é, ademais, um pensamento realmente fora de sintonia, eis que, para nossa sobrevivência, torna-se necessário a presença de inúmeros bens materiais. Basta observarmos a nossa volta.

Porém voltando ao tema em questão, quem age buscando apenas ter vantagem, esquece-se que, levando vantagem um, outro estará inevitavelmente sendo prejudicado, ignorando que um dia poderá estar no reverso da moeda, sendo desta feita o prejudicado.

Mas agindo assim, afastando-se daqueles valores tão aclamados hoje e que tanto têm sido esquecido no cotidiano, onde ficaria o respeito nisso tudo?

Difícil resposta!

E onde deveríamos colocar a educação nesse quadro?

Igualmente difícil de se responder!

E o que devemos fazer, então? Ficaremos de braços cruzados, esperando que “milagres” ocorram? Ou deixar para que nosso “vizinho” o faça? E se todos pensarem assim...

Não! O primeiro passo é agir. E esse passo torna-se também o mais importante, pois é o momento em que assumimos a nossa responsabilidade e deixamos de lado a inércia que é fruto da indiferença frente aos destinos dado à sociedade e, por que não, a nossa vida.

Por isso, devemos agir! Devemos começar por fazer a nossa parte. A transformação começa em nossas vidas de forma a mostrar, em primeiro lugar a nós mesmos, que somos capazes de fazer algo, de mudarmos o Mundo, mudando apenas as nossas atitudes frente a esse Mundo e perante nossos semelhantes. Depois, com o fruto do nosso trabalho e da nossa dedicação, naturalmente àqueles que estão próximos mostraremos que o mundo só mudará se cada um fizer a sua parte, e esse “espírito” de mudança, gradativamente, e ainda que timidamente, entrará na vida de cada um. E assim por diante, um após outro, sentirá a necessidade de fazer a sua parte na reforma do Mundo e passará a agir com vistas a essa mudança.

Acrescente-se que nada ocorre por fruto do acaso. Tudo é conseqüência do trabalho e da dedicação dispensada por cada um naquilo que consideramos como importante. E se almejamos uma sociedade mais justa e solidária, é a partir de nossos passos e nossos esforços é que tudo começará. Um pequeno passo dado, num dia diferente, já é o suficiente par começarmos a caminhada em busca desse mundo.

Quando isso ocorrer, não haverá sobrecarga a ninguém, nem o trabalho será árduo ou cansativo, pois a responsabilidade de transformação do Mundo estará compartilhada entre todos. Tudo passará a ser natural e prazeroso. Fazendo cada um a sua parte, construiremos um mundo mais digno para nós e para todos aqueles que nos rodeiam, sem exigências, sem cobranças, sem diferenças...

Para acontecer isso devemos dar o primeiro passo, e fazer de Hoje um efetivo novo dia, começando por dar o primeiro passo e fazer a nossa parte....

Piracicaba, 11 de maio de 2.001.