Fortaleza

Qual seria a maior característica de algo invencível ou intransponível do que as muralhas de uma fortaleza? Qual o símbolo da imponência, do poder, do domínio que não as muralhas dessa mesma fortaleza? Não poderia ser a fortaleza o reflexo da força que, se aplicada com discernimento e ponderação, traduziria uma força transformadora em nossos corações? Não poderíamos espelhar nas fortalezas a sua força, e transformarmo-nos em Homens igualmente fortes e capazes de mudar o nosso derredor?

Eis questões das mais variadas formas que devemos responder unicamente com nossas atitudes.

Poder-se-ia imaginar, primeiramente, na fortaleza o símbolo da opressão, onde o poderio, nas mais diversas vertentes, impõe-se e subjuga aos demais, transformando sua imponência, num fator de desagregação e destruição. Com essa visão negativista, vemos na fortaleza apenas a destruição, a desunião, o domínio de um sobre o outro, onde a discórdia e a desavença tornam-se os únicos meios de se conseguir os objetivos que, conforme a sua origem desagregadora, somente trarão frutos dessa magnitude.

Por outro lado, poder-se-ia ver na fortaleza, a solidez que o tempo não é capaz de corromper, a força de algo que perdura dia-a-dia, incólume aos ataques que o vento e a chuva não são capazes de destruir. Ela está lá, impassível, presente, desafiadora até, ante os desafios que o tempo lhe impõe. Já nessa visão positivista, passamos a ver a fortaleza como sinônimo daqueles que enfrentam todos os desafios e os vence sempre, extraindo de cada novo desafio as lições necessárias para a sua evolução. Com o tempo, ampliando sua evolução, tais pessoas passam a fazer de sua vida a imagem própria da fortaleza. Tornam-se a própria fortaleza viva.

Eis, pois, um símbolo que podemos espelhar na nossa vida. Tal qual a fortaleza de pedras, que se mantém sempre incólume e imponente, nós também devemos transformarmo-nos numa Fortaleza, onde a força resplandece de nossos atos e nossos pensamentos. Da fortaleza devemos ter a imagem de sua imponência ante os desafios temporais, e deles usar como exemplo em nossos desafios diários, nunca se descurando de que a construção de um mundo mais digno é pautado em valores eternos e não baseados na opressão que sempre levará à destruição.

Nossas atitudes devem ser centradas na solidez da sinceridade, respeito e humildade. Estes são princípios que se transformam, não em apoio externo, mas símbolos da força interior que nos leva a tornarmo-nos seres humanos na exata acepção da palavra.

Ser forte é mais que apenas ostentar uma carga muscular, pois como tudo que é passageiro, este corpo também voltará à Terra. Ser forte é estar ligado àqueles princípios que transformam nossas atitudes, é respeitar a todas as manifestações de Vida em suas múltiplas características. A incolumidade de nossas atitudes torna-nos fortes, resplandecendo a segurança de uma fortaleza, que não se abala com os ataques efêmeros do tempo.

Ser forte é ter coragem de dar o primeiro passo, e o mais importante deles, para fazermos deste Mundo um local digno e justo para todos.

Onde quer que estejamos nossa presença será sentida pois esta força interna é o reflexo de uma pessoa ciente desse brilho e desse valor, mas que é igualmente humilde ao fazer de sua busca pelo respeito e compreensão a sua maior característica.

Pois bem, eis um símbolo facilmente visualizado. Nas fortalezas vemos refletir a força que se mantém imponente na sua estabilidade e desafiadora ante os desafios. Nessa força também podemos visualizar outras faces, que leva-nos a sermos capaz de mover esforços e construir sentimentos, a força que impulsiona a desvendar os segredos que a Vida nos oferece.

Igual a uma Fortaleza de pedra indestrutível e sólida ante os desafios do tempo, devemos basear nelas a transformação de nossas Vidas, tornando-nos fortes para os desafios que a vida nos colocar e aptos a construir um mundo melhor.

Piracicaba, 20 de junho de 2.002.