Lutar e Brigar

Não só corriqueiramente, mas também com base nos conceitos dados pelo Novo Dicionário da Língua Portuguesa (2ª edição, Editora Nova Fronteira, 1.986, RJ), os verbos “lutar” e “brigar” possuem o mesmo significado, podendo aplicá-los, indistintamente, como sinônimos de combater, disputar, contender, tendo por objetivo expressar a oposição entre dois indivíduos ou a busca de um objetivo por parte de um ser.

Ocorre que, muito embora sinônimos, ao empregá-los, costumamos fazer uma pequena distinção entre os mesmos, distinção esta que altera totalmente o sentido da frase onde são aplicados. Estes significados estamos diretamente ligados ao sentido que eles próprios transmitem, à forma como encaramos o significado destas palavras e de como recebemos as informações contidas nas frases onde eles aparecem.

Isso ocorre porque o verbo “brigar” normalmente é usado para expressar a disputa física ou psicológica as quais ocorrem sem regras, imperando o desrespeito à pessoa oponente ou ao objeto almeja através dessa atitude. Quem dessa forma age, procura algo sem se importar com as conseqüências de seus atos e não dá valor aos possíveis efeitos de um briga sem o respeito.

Já o verbo “lutar” apresenta uma característica distinta, pois no caso da luta implícito está o sentimento de regra, onde a disputa baseia-se no respeito entre as pessoas, bem como com o objetivo desejado.

E isso é facilmente notado, pois o verbo “lutar” é constantemente empregado na busca por objetivos, já o verbo “brigar” acaba por ser empregado no sentido de guerrear, disputar física ou psicologicamente sem regras, podendo causar, ferimentos seja fisicamente, seja sentimentalmente.

Diante disso, muito embora esses verbos possuam o mesmo significado, sendo sinônimos, o emprego deles demonstra essa pequena distinção.

Mas o mais importante desta distinção não é circunscrever ao fato destes verbos apresentarem estas características, mas sim à forma de como estamos agindo em nossas vidas, se somos brigadores, que não respeitam os indivíduos ao nosso derredor, a natureza, a até mesmos nós mesmos, ou se somos lutadores, capazes de reconhecer as limitações e virtudes de nossos semelhantes, bem como respeitar e compreender toda a obra divina e por fim a nós mesmos.

Agindo como briguento, mais que ofender ao mundo externo, nossos semelhantes, estamos, de fato, ofendendo a nós mesmos, maculando a centelha divina que nos identifica com o Criador; mas sendo lutadores, estaremos buscando alcançar objetivos pautados em princípios absolutos e sólidos, honrando aquela centelha divina e continuando o caminho da evolução.

E dessa forma cabe uma pergunta: o que somos brigadores ou lutadores?

Piracicaba, 18 de agosto de 2.003.