Indagações, indignações

Aparentemente vivemos num caos social. A violência dá mostras de se tornar cada dia maior e com requintes de crueldade. O desajuste ambiental já é perceptível, em razão da alteração do meio, ameaçando a vida no planeta, incluindo a existência do ser humano. O desrespeito à condição humana, nas mais variadas formas é cada dia mais gritante.

No meio de tudo isso surge as indignações. Gritos das mais variadas vertentes sociais que clamam por algo, ora por justiça, em razão das ações de organizações criminosas que tiram o sossego, a paz, a vida, de seres humanos sem qualquer esboço de sentimento ou piedade; ora pela preservação da vida ante a brutal exploração do meio pelo poderio econômico; ora ainda em busca de respeito à condição humana subjugada por esse mesmo interesse econômico que pouco valor dá à vida.

Indignações e mais indignações surgem; mas cabe uma indagação: o que é feito em razão disso tudo?

Ora, é fácil atribuir a terceiros a responsabilidade da violência, da destruição do meio ambiente, da exploração do ser humano, e de tantos outros males. Mas será que fazemos algo?

É fácil eximir-nos da responsabilidade perante o quadro social, afirmando que não somos os responsáveis. Podemos dizer que é cômodo, pois permite-nos dormir o sono dos justos.

Mas não é agindo assim que reverteremos esse quadro. Toda e qualquer mudança desse quadro parte necessariamente da assunção da responsabilidade pelo ser humano, individualmente analisado. Cada um, agindo com consciência e em respeito àquilo que busca, será agente ativo dessa mudança.

A violência nasce na indiferença nossa ante àqueles que são excluídos. E quantas vezes fechamos os olhos às distorções sociais! Quantas vezes preferimos nos omitir perante a degradação social!

O meio ambiente só será reestruturado quando todos, cada um na sua cota de responsabilidade, assumirem o seu papel de não desperdiçar, reaproveitar, não destruir. Será que jogamos no lixo o que é descartado? Basta ver as ruas como estão. E separar o lixo para se evitar o acúmulo nos aterros, será que fazemos?

A exploração do ser humano é cruel, mas mais ainda é a indiferença. Quantos não são explorados, das mais variadas formas e poucos se manifestam em razão disso! Basta observar o que ocorrem com crianças que estão fora da escola sem perspectiva nenhuma pela frente.

Claro está que não haverá mudança desse quadro se não houver mudança na atitude do ser humano. A responsabilidade por tudo isso é nossa e a iniciativa de alteração desse quadro é igualmente nossa, individualmente considerado. Por isso, antes das indignações, cabem as indagações: o que fazemos hoje? E o que devemos fazer agora?

Piracicaba, 3 de maio de 2.007.

julianopd
Enviado por julianopd em 22/12/2011
Código do texto: T3401206
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