Valdeck Almeida de Jesus no Festival de Verão Salvador 2012

A música, misturada com churrasco, acarajé, água de coco, cerveja, fotografia, acordes e sorrisos. Tudo isso e muito mais pode ser visto, curtido, compartilhado e vivido na maior festa da música que a Bahia promove há doze anos.
 
Mesmo morando em Salvador desde 1993, eu nunca tinha ido ver as apresentações artísticas, por vários motivos, dentre outros o fato de não gostar de perder noites. Mas em 2012, quando esta festança deixa a infância para entrar na adolescência, eu fui. E gostei da mistura proporcionada, patrocinada, promovida, acreditada. Logo eu, que sou ferrenho defensor da vida em sociedade, tenho vivido meio recluso, com medo da violência que mantém boa parte da população das cidades brasileiras trancada dentro de casa. E não é por menos, na capital baiana o assassinato a bala virou banalidade. No mesmo dia em que fui ao festival de música, pai e filho foram mortos a tiros num terreno nas proximidades do Parque de Exposições, onde a magia musical acontece. E eu mesmo fui vítima de uma agressão violenta por dois assaltantes, no centro da cidade, esta semana, quando voltava de uma comemoração em homenagem a Ildásio Tavares. Outra notícia que foi estampada nos jornais da cidade foi a baderna provocada por bandidos no show do Olodum, no Pelourinho.
 
Apesar do terror, do medo que impera nesta cidade, sitiada e controlada pelo banditismo, a vida continua e nós, cidadãos, temos que sair de casa para uma ou outra atividade, forçados pela necessidade de sobreviência. Afinal, não dá para viver recluso sem ter sido condenado formalmente. E o dia a dia nos obriga a conviver, sair do conforto e nos expor. Foi o que fiz. Tinha ganhado um par de ingressos no Programa Aprovado, da Rede Bahia, junto com uma camiseta, um livro de fotografias “Baía de Todos-os-Saveiros”, de Nilton Souza e “As receitas de Mme. Castro”, de Aninha Franco, além de outros brindes. A princípio, pensei em ir ao festival; depois, desisti. Na última hora, acabei indo, junto com a amiga Luíse Souza. E não me arrependi. Estacionei o carro em Mussurunga, caminhei uns vinte minutos, atravessei uma passarela, com medo de me deparar com assaltantes. Mas encontrei um batalhão de policiais, abnegados, trabalhando para dar segurança a quem ali passasse a noite curtindo a farra. Na volta, de madrugada, encontrei outro grupo de bravos homens da lei, de plantão, na mesma passarela. Parabéns ao Estado, à Polícia Militar!
 
Na frente do lugar do evento, a feira livre de churrascos, cervejas, cigarros, comidas de todo tipo, preços e cheiros. Era tanta gente que não tinha nem como passar direito. O som variava de pagode a samba, axé, pop, uma verdadeira mistura. Entrei no Festival de Verão, fui revistado e gostei disso. Pelo menos se passa um pente fino nos frequentadores, o que previne muita coisa. A “feira” era a mesma e, lá dentro, percorri todos os espaços, exceto aqueles reservados a convidados VIPs e portadores de ingresso para camarotes. Aprovei a programação, a segurança, o serviço médico, a cobertura jornalística, a fiscalização do trânsito etc. Só não gostei do espaço em si, o qual eu já critiquei e chamei de pocilga em outro texto sobre a apresentação de Beyoncé e Ivete Sangalo. O Estado precisa dotar o Parque de Exposições de condições mínimas para exploração por um evento do porte deste e de outros que desejem vir a Salvador. Curti Chiclete com Banana, Saia Rodada, Seu Jorge, forró com várias bandas e muita batida na Tenda Eletrônica. Adorei, também, o acesso gratuito à internet, com notebooks à disposição do público, bem como a área wi-fi, onde todo mundo podia botar na rede, ao vivo, o que acontecia ali. Comi muito, bebi, tirei onda. Agora não perco mais. 2013 que me aguarde!
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 28/01/2012
Reeditado em 29/01/2012
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