Deus e a Educação

Por certo, falarei da minha experiência como Educador do Campo, mas certamente estarei falando sobre os muitos educadores do mundo.

Parto da concêntrica métrica do fazer educação sem os romantismos impunes da formação humana. Desejo expandir a reflexão de que quando escolhemos cabeças para "formar" e abrimos mãos dos pés de quem deseja uma tempestade educacional devastadora, cheia de turbulências, questionamentos e insatisfações, perdemos o nexo do ideal emancipador pelas vias da educação.

Deus se concentrou na elevação do "homem" à categoria de semelhança divina, essa criação contribuiu definitivamente para a busca incessante de almas simétricas. Na realidade, o fazer educação emancipadora passa pela visão eclética de que devemos ir além do espelho. Somos mais do que a imagem divina, somos o fruto da imperfeição naturalmente humana. Assim, condizemos com a dialética do saber de Deus e da educação interminável da alma humana.

Nossos traços visíveis são disfarces da puritanidade, a densidade das nossas palavras revelam uma oralidade ingênua, nossos registros históricos ampliam as inconsequentes guerrilhas da insanidade humana, na arte de produzir o bem mítico. Deus nunca quis ser professor, mas quis ser artista, contemplador de um universo diverso capaz de criar multifaces da natureza viva, ele quis nos dizer que não está nas escrituras as respostas para os nossos atos, mas está em nossas virtudes e realizações plenas da própria incompletude humana, porque somos plenos ao nos completarmos no outro, somos dotados de visões metafóricas que explicam as imagens contraditórias da vida e o melhor, somos vida. Cientificamente deveríamos ser explicados pela morte, porque passamos mais tempo mortos do que vivos, é assim que se comportam o incrédulos da educação.

Deus e a Educação estão no campo, na vida campesina dos meninos e meninas dos assentamentos, ribeirinhos e quilombolas, eles se complementam para realizar sonhos de justiça, igualdade e libertação, mas não escrevem certo por linhas tortas. Pelo contrário, escrevem certo por linhas certas e sabem contextualizar a exclusão explicita nas páginas dos livros didáticos, eles não dizem amém, não choram nem se lamentam, trabalham e constroem juntos novos caminhos para o sucesso, plantam as leiras de hortaliças da vida, revelam o expurgo de suas almas e sabem que na fertilidade da terra também pode brotar dignidade, sabem que se aplicarem defensivos naturais podem inibir o crescimento de ervas da exploração. Por fim, a reprodução de mudas conscientes em viveiros da Agricultura Familiar empreende uma devolutiva Agroecológica nacional, onde Deus continua sendo a base da subsistência e a Educação o principal fórum da esperança!

Chico Nascimento ou Magonleji
Enviado por Chico Nascimento ou Magonleji em 13/03/2012
Reeditado em 21/03/2012
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