E nem sabia...

Que a poesia tinha dia. O dia é da poesia ou do poeta? Do poeta deveria. Qualquer um se mete a escrever poesia, até eu que não sou poeta. Ser poeta é outra coisa, ser poeta é coisa séria, junto ao sangue estão palavras nas artérias do poeta. O dia deveria ser do poeta, não da poesia. Minha relação com a poesia é muito pessoal, nem todas eu entendo, não gosto da maioria. Mas poetas há que penetram a barreira da minha incultura poética e tocam em meus sentidos. Poesia é coisa séria, os verdadeiros são ofendidos quando me chamam de poeta. Assim o sinto. Meus sentidos reconhecem a beleza onde quer que ela esteja. Eu e meus sentidos agradecemos aos POETAS do Recanto por nos oferecer beleza. Ser poeta é coisa séria. O poeta nos faz rir chorar sonhar meditar amar e até “pecar”. Ser poeta é coisa séria. Meu humilde e modesto abraço aos poetas, POETAS, do Recanto das Letras. POETAS de todos os sexos e idades.
Amigos - Vinícius de Morais

Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências ....
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão ouvindo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.

Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.






14/03/2012 14:41 - Alice Gomes
Duas coisinhas: primeiro, esse texto NÃO É de Vinícius de Moraes e sim de PAULO SANT'ANNA, um cronista do Jornal Zero Hora. A última frase "A gente não faz amigos, reconhece-os" é de Garth Henrichs - - Segundo, o uso do verso não torna ninguém um poeta, já disse o filósofo Aristóteles. Há poemas sem poesia e há poesia contida em crônicas ou romances. Quanto às questões de técnica e refinamento vai do gosto de cada leitor. Dentro da minha avaliação pessoal o senhor é, sim, um poeta.




 Inezteves
SOU POETISA
De letras enfadonhas e canções sutis
De rimas empobrecidas e infantis
De amores impossíveis e senis
De ideias absurdas de aprendiz...
Sou poetisa sem dia, hora ou lugar
Sou poetisa que vive mais e escreve menos...
Sou leitora, escritora e analfabeta.
Sou muitos espaços entre o ser e o estar
Sou indiferente e atenta demais... Ideais amenos...
Sou uma mulher por vezes incompleta...
Mas há em mim uma disciplina.
Mas há em mim uma meta...
Sem métricas ou rimas erro e acerto!
Sou poetisa incerta num mundo incerto!
Serei complacente com minhas incoerências,
Viajarei em meus castelos e verdades...
Dia a dia dedilharei esta suave sina!
Espalharei assim néctar e essência!
 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 14/03/2012
Reeditado em 14/03/2012
Código do texto: T3553604
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