Irritantes confissões

O “gatilho” que dispara nossa irritação é diverso de pessoa para pessoa, em face à formação intelectual, moral, espiritual, a personalidade, os gostos, e o estado de humor de cada um.

Assim, posso me irritar com algo fútil, irrelevante, imperceptível para outro, e vice-versa.

Por exemplo: Nem sempre digito meus textos diretamente, às vezes, manuscrevo meus rabiscos antes de dedografar. Quer ver eu ficar “nos cascos”, é quando uma ideia interessante me ocorre, me apresso em registrar e a caneta falha. Nem sempre tenho outra à mão e saio cuspindo marimbondos.

Outra aconteceu agora, e deu azo a esse texto. Escrevi algo que queria pesquisar no “gugo” e o sujeito me veio com uma página de coisas indesejadas e me perguntou: “Você quis dizer isso?” Só porque soava parecido o bostinha “pensou” que não sei o que quero.

Durante minha digitação, quando meu corretor de textos, “desconhece” uma palavra comum, e marca como erro. Lembro um personagem do Chaves que bradava: “Você me deixa looouco”. Ah, esse louco ele marcou com razão.

Vez por outra não me irrito, mas, fico contrariado pensando, será que as regras de comunicação mudaram e o corno cá, é o último a saber?

É comum deparar com manchetes tipo: “Palmeiras perdeu do Guarani” (?) No meu tempo, quem perdia, perdia alguma coisa, ou, em caso de competição, PARA alguém. Longe de mim o preciosismo, até por que também cometo meus erros; mas, em se tratando de profissionais da comunicação, não seria de se esperar certo esmero?

Outra coisa comum que me espanta, é ver pessoas apedrejando crenças sem o menor conhecimento de causa. Ora, em nome da liberdade, cada um pode crer no que quiser; agora, quando alguém diz preferir o verde, e jura que esse, é o vermelho, o daltônico não sou eu.

Vez por outra batem em minha porta vendedores de quinquilharias, e mesmo informados de meu desinteresse, tentam me convencer que preciso o que eles vendem, cáspita! Como diria o gringo.

Não entendam com isso, que sou um pavio curto, esquentadinho. Na verdade, via de regra, estou em paz, tanto que surfaria um Tsunami; todavia, se algo me tirar do sério deveras, leva tempo para esfriar a bobina. Uma mágoa séria pode perturbar meu sono, muito tempo.

Invejo os que conseguem irritações superficiais, que passam em cinco minutos. As minhas, são raras como erupções do Kilawea, e quentes também.

Convém evitar com todas as forças cair nas malhas da ira, se não pela ira em si, a qual, dizem, faz mal ao fígado; pelo dano que podemos fazer, se atuarmos mercê de seu célere “conselho”.

"Mais penosas são as consequências da ira do que as suas causas."

Marco Aurélio