LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

No alvor de cada aurora, as esperanças se renovam. Pensamos no que já fizemos e no que ainda temos de fazer para conquistarmos nossa liberdade, que é a condição para a felicidade que tanto almejamos neste mundo em ebulição, cujos excessos podem levar a perder anos de dura lida. A liberdade não é uma dádiva que cai gratuitamente de um céu de primavera sobre as roseiras que colorem os sonhos, mas o resultado lógico da luta diária para ultrapassar as fronteiras culturais impostas pelas circunstâncias históricas que oprimem o ser humano. A esse direito de escolher seu caminho denomina-se liberdade. Por outro lado, o autoritarismo corrompe o benefício dessa escolha, tornando impossível a decisão consciente entre seguir a senda do bem, ou deixar-se arrastar pela enxurrada do mal. Se o indivíduo exerce seu direito de escolha dentro do contexto de possibilidades do seu grupo social, logo pode assumir a inteira responsabilidade pelo seu comportamento, situação que o torna passível de ser submetido ao julgamento ético da sociedade. Como podemos perceber, a liberdade confere a soberania necessária ao desenvolvimento de um ativismo político moralmente aceitável pela estrutura social em que cada pessoa desempenha seu papel. Nesse sentido, a influência alienante exercida sobre a formação da opinião pública, em detrimento da coerência entre o discurso e a prática, é prejudicial à perspectiva de uma leitura crítica da realidade que propicie a evolução das instituições sociais, na medida em que frustra o processo de conscientização do que seja realmente útil ao desenvolvimento social e que viabilize o aprimoramento do Estado, colocando-o a serviço da cidadania, com todas as suas implicações, sem submeter as necessidades sociais aos interesses políticos dos seus representantes, muitas vezes direcionados à satisfação das ambições de uma clientela privada, ensejada pela participação do poder econômico no processo eleitoral, e agravada pela inexistência de mecanismos de controle popular da atividade parlamentar.

Assim, verificamos que a cultura da liberdade opõe-se a todo e qualquer tipo de arbitrariedade praticada contra o direito de ser livre. Para tanto, os indivíduos instituíram a sociedade politicamente organizada, na qual cada administrado transfere seu poder de decisão ao Estado, para que este administre, de forma democrática, a vida social, com igualdade de oportunidades para todos de ascenderem à condição de cidadãos instruídos, atuantes e comprometidos com o destino do seu país, tornando-os capazes de contribuírem, mediante seu trabalho, para a construção de uma sociedade solidária, compromissada com o bem comum, e suficientemente justa para que lhes garanta o direito legítimo de buscarem nas relações sociais a expressão maior da vida humana: a dignidade. Ser livre é ser digno. Por isso, Virgílio, é tão necessária a conquista da liberdade, ainda que tardia!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 22/09/2012
Reeditado em 02/08/2017
Código do texto: T3895437
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.