Verdade, ideologia e poder

Discutir conceitos como verdade, ideologia e poder é uma tarefa filosófica que requer muito mais do que senso crítico, pois são abordagens que giram em torno do ser humano como produtos e resultados de um processo sociocultural. Faz-se necessário, portanto, a humildade e certeza de que não é possível alcançar respostas absolutas e que cada ser humano e situação possuem um universo de proposições, que podem ser universais e extremamente individuais.

Foucault, no texto "A ordem do discurso", ao tratar sobre o tema traz à cena expressões como: vontade de verdade, instituição, desejo, procedimentos de exclusão, interdito, poder e oposição da razão e da loucura. Tendo por base essas reflexões e fazendo uma analogia com o documentário de Estamira, pode-se perceber que a mesma passou por um processo de transformação ideológica, em que teve sua verdade religiosa contestada pelas próprias experiências sofridas e vivenciadas, fazendo-a adotar um discurso contrário à fala religiosa e burlar as regras sociais, transformando-se para essa sociedade em uma pessoa louca.

Utilizando o trecho em destaque: " não tem mais inocente, não tem" (Estamira) podemos perceber a ideia do poder e intenção do discurso, que mais além de comunicar, possui um caráter de convencer, dominar e sobrepor-se. Sobrepor uma verdade social, através dos mecanismos institucionais: normas, regras, disciplinas, ciência, televisão e mídia, ou até mesmo pela literatura.

A oposição entre a razão e a loucura se dá no momento em que a "verdade" é contestada e o indivíduo é afastado de determinado grupo ou convenção social, colocando em prática o que Foucault designa de interdito e partilha.

Conclui-se que imersos nesse universo ideológico e "abstratas" que são as respostas e a essência dos termos, dos questionamentos vale a consideração de que como diz Fiorin: "Nosso discurso é fruto de nossas experiências", portanto, a verdade não é o que somos e a aproximação da razão ou da loucura se dá pelas consequências do que vivemos e escolhemos viver.

Jaqueline Costa
Enviado por Jaqueline Costa em 10/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
Código do texto: T3979390
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