Minha Primeira Festa Literária do Sertão de Jequié

O regional que se torna universal - Felisquié revela a dimensão global de ícones nordestinos e discute temáticas diversificadas
 

 
A Festa Literária do Sertão de Jequié – Felisquié, cujo curador foi Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho, o popular Dominguinhos, nasceu numa mesa de bar em Ribeirão Preto-SP, durante o Congresso Brasileiro de Escritores, promovido pela União Brasileira de Escritores. Fruto de uma conversa entre amigos se tornou realidade durante os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, na Cidade Sol, localizada a 365 km de Salvador.
 
Apesar da vontade de estar no encontro durante todos os dias, só pude viajar à minha terra natal no dia 30 de novembro, sexta-feira, à tarde. Cheguei a Jequié por volta das 21hs, quando ainda aconteciam palestras da agenda daquela noite. Não perdi tempo: mesmo antes de me hospedar, descansar e comer algo, fui direto ao antigo Instituto de Educação Régis Pacheco - IERP, no Campo do América. Naquele colégio eu estudei, nos anos 80, juntamente com Domingos Ailton, Antônio José, Saionara e outros colegas de 7ª, 8ª séries e terceiro ano. Já muito antes do segundo grau eu atuava nos movimentos literários, culturais e políticos, mesmo sob risco de perseguição por parte dos donos do poder. Era recente o fim da Ditadura Militar e as lembranças de toda sorte de injustiça. Mas a força vital é maior que o medo, sempre! No IERP, a ebulição estudantil já borbulhava há muito tempo, e eu, claro, me juntei aos bons (ou aos maus, depende do ponto de vista). Junto com Dominguinhos e os demais companheiros, fundamos o Grêmio Estudantil Dinaelza Coqueiro, em homenagem à ilustre jequieense desaparecida na Guerrilha do Araguaia. A luta, agora, era contra a má qualidade da educação etc. No mesmo auditório em que tiramos fotos para denunciar o descaso da administração pública com o patrimônio, eu me encontrava, dia 01.12.2012, na qualidade de palestrante, falando do processo de criação literária, seguidos de Roberto Leal e Carlos Souza, que falaram sobre a produção de livro e divulgação, respectivamente. Na viagem a Salvador e durante o evento, pude estar entre amigos, conhecidos e profissionais de vários ramos do conhecimento humano. Um deles eu levei a Salvador, Carlos Pronzato. O outro, também, me acompanhou na viagem de volta, o ator Robério Lima, pessoa encantadora e de um coração pleno de talento e humanidade.
 
Da vasta programação pude acompanhar:
 
  1. A dimensão da obra de Jorge Amado, abordada em painel com a participação dos escritores e estudiosos dos textos amadianos Gildeci Leite, Adriana Barbosa, Bohumila Araújo e Domingos Ailton; o professor Erisvaldo Pereira dos Santos falar sobre Religião de matriz africana  na literatura de Jorge Amado: a propósito do texto "O compadre de Ogum”. O professor Gildeci Leite lançar o livro Jorge Amado: da ancestralidade à representação dos orixás.
  2. O poeta e cronista Luís Cotrim, um dos fundadores da Academia de Letras de Jequié e ícone do mundo literário da cidade, falecido no último dia 3 de novembro aos 95 anos, ser homenageado com dois documentários, um de Robinson Roberto e outro de Júlio Lucas.
  3. A contribuição de artistas jequieenses para a contracultura dos anos 60, tema de discussão por parte dos cineastas Tuna Espinheira, Robinson Roberto, do artista plástico Dicinho e do ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo - ANP, Haroldo Lima.
  4. A apresentação de Rogéria Gomes, que discorreu sobre a história do teatro no Brasil e as grandes atrizes que marcaram os palcos brasileiros como as atrizes Eva Wilma, Norma Brum e Laura Cardoso, que foram entrevistadas por Rogéria e estão no livro “As Grandes Damas E Um Perfil do Teatro Brasileiro”.
  5. Assisti aos documentários: “O Candomblé na Cidade de Jequié”, de Domingos Ailton, e “Testemunho de um leitor de Jorge Amado”, de Carlos Pronzato.
  6. Assisti, também, à palestra “Literatura no contexto atual do Brasil”, tema da conferência de encerramento do evento, com o palestrante e presidente da União Brasileira de Escritores – UBE, o jornalista e escritor Joaquim Botelho.
 
 
Minha estadia foi no hotel em que trabalhei como recepcionista há mais de vinte anos. Agora voltei como hóspede. Na cidade, reencontro com meus irmãos, filho, amigos, conhecidos. Na viagem, me dando apoio, Anderson Mercês. De tantos retornos à minha querida Jequié-BA, este foi marcante pela simbologia. Vivi mendigando pelas ruas e agora volto trazendo meu presente para a comunidade: livro e leitura.
 
 
 
A Festa Literária do Sertão de Jequié contou com chancela e apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, da Academia de Letras de Jequié e da União Brasileira de Escritores - UBE.

Foto: Valdeck Almeida de Jesus, Carlos Souza, Rogéria Gomes, Domingos Ailton e Robério Lima
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 03/12/2012
Reeditado em 03/12/2012
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