Escolhas e Caminhos

Vamos guri está na hora de levantar!

Todas as manhãs eram a mesma coisa na casa de João, não tinha uma única vez que sua mãe não tinha que implorar para ele ir a escola, às vezes ele levantava-se outras nem sequer dava-se a este trabalho. Muitas foram às vezes que ele saiu de casa e ficou passeando e não ia a escola, outras a própria mãe o levava e ele fugia logo depois que ela saia.

Não pegava nunca um livro na mão para lê-lo e buscar outros meios para aprender já que a escola como ele sempre dizia não era para ele, as raras vezes que ele ia, dormia na sala de aula e pouco se importava com a dedicação dos professores.

João cresceu e se perdeu em um mundo escuro, nunca quis ouvir ninguém, não aceitava conselhos e não ouvia o que os mais velhos diziam. Não chegou aos vinte anos, uma overdose o levou desta vida, não deixou historias, a não ser no submundo no qual viveu, mas logo foi esquecido, foi apenas mais um que na turma entrou e logo partiu.

Considerava-se um rebelde, mas no final virou apenas estatística.

Na casa de Claudio a coisa não era muito diferente, tão pouco gostava de ir a escola, mas buscava nos livros o que ele perdia na sala de aula, quando ia a escola questionava tudo: Para que isto serve? O que farei com isto? Quando obtia respostas, eram respostas vagas que não o satisfaziam, estudou pouco e leu muito por puro prazer que ele sentia nas palavras, aos poucos sentiu uma vontade crescendo dentro de si e resolveu começar a escrever, transmitia todos os seus pensamentos e sentimentos para as folhas em branco, foi considerado um jovem talento, mas também foi esquecido pelo tempo e por todos, Não se perdeu por caminhos que não devia seguir, entrou neles e saiu como uma larga experiência, tratava tudo que vivia como um aprendizado, não julgava e não culpava ninguém pelo que tinha vivido, sempre teve a consciência que eram escolhas dele e somente ele poderia se ajudar.

Teve dois filhos, deixou morrer o seu dom por não ter tido oportunidades, não que não as tenhas buscado, mas foi sempre recusado, morreu triste por ter vivido uma vida que não queria, não por faltar coragem, mas oportunidades. Logo depois da sua morte os seus textos começaram a ser divulgados, a sociedade ressuscitou o seu desejo, mas no momento que ele não podia mais vivê-lo.

Maria morava no sertão, em uma pequena casa de barro, tinha que caminhar duas horas para chegar a uma escola, acordava as quatro da madrugada e caminhava, tinha medo do que podia acontecer com ela pelo caminho, mas mirava seu objetivo, amava aprender, brincar com as letras que cada pouco ia descobrindo, a escola não era muito diferente da sua casa, era um pouco pior na verdade, sentava-se no chão e devorava tudo que lhe era ensinado, uma criança feliz com o pouco que tinha, seus pais matavam-se trabalhando na roça e pouco colhiam, o governo eternamente prometia, mas a ajuda nunca chegava e todos padeciam lentamente.

Maria sempre feliz, apesar da fome, das poucas roupas e brinquedos que tinha. Seus pais a admiravam, tamanha vontade em um ser tão pequeno, sempre alheia as dores e sofrimentos que sofria. Cantava feliz com os pássaros e se divertia com o jumento da família, quando ganhou o primeiro livro que seus pais passaram anos guardando dinheiro para compra-lo, deixou-o guardado e não teve coragem de abri-lo, tamanho foi o sacrifício de seus pais para compra-lo, faltava-lhe a coragem para lê-lo não queria sujá-lo com suas pequenas mãos.

Hoje Maria cresceu, vive numa cidade grande, tornou-se uma grande escritora, buscou seus caminhos e tirou seus pais da miséria, não bastasse ainda ajuda outras famílias com seus recursos dividindo-os e não sendo orgulhosa e tão pouco egoísta. Aprendeu que a vida e dar as mãos e todos juntos caminharem lado a lado sem diferenças de cor, sexo, idade ou nacionalidade. Ela podia ser mais feliz, mas não o é, sofre com a fome de quem ela não consegue saciar, com as pessoas que não tem um lar, sabe que viver é amar e chora todas as noites pedindo que o mundo mude, ela sabe que somente assim será realmente feliz.

Rafael Razador
Enviado por Rafael Razador em 03/04/2013
Código do texto: T4220877
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