JOHN (Apenas uma análise sem demagogia)

Há mais ou menos três dias fiquei intrigada com o John.

O John já morreu.

Quem foi o John?

Conheci o John através de uma cantora francesa, descendente de tchecos; o nome dela é Claudie, mais conhecida por Desireless.

Eu conversei com ela via Facebook, e perguntei quem foi o John e ela me respondeu: "Todos os homens que deixam tudo e vão para uma guerra e morrem."

Ela só confirmou minhas suspeitas, porém, antes de fazer esta pergunta a ela, observei vários clipes dela, não aqueles de shows somente, mas, clipes cinematográficos, com efeitos especiais, etc, para tentar entender o que a letra, em francês, me dizia.

A letra diz assim: "Ele disse Brahma, ele disse Jeová... ele disse Deus, Brahma ou Alá". E fiquei prestando atenção.

Depois ela disse que ele trouxe em sua bandeira estrelas, coroas, foices e martelos. Pensei: "bandeiras com estes símbolos, são bandeiras de reinos, comunismos, ditaduras..." E continuei vidrada nela, ouvindo e vendo.

Aí ela diz que John podia ter vivido numa fazenda... Mais adiante, num campo de arroz... E ainda pergunta: Que importa? O mesmo se aplica às diversas maneiras de se clamar pelo Ser Supremo que é chamado em várias línguas: "Q'importe?"

Ela diz no refrão que John morreu em pleno voo, no ar, em chamas e matei a charada: John era militar e morreu numa guerra.

A letra da música que não é dela, é de um compositor chamado Jean-Michel, fala de um lutador que passou por várias batalhas.

No seu vídeo mais recente, ela pega várias pedras, molha num rio e depois as pinta com uma linha preta que logo interpretei como luto.

Mais para o fim, ela encontra um jovem deitado no chão e sobre ele uma pedra pairando. Todo o cenário é em preto e branco, mas, as pedras são verdes e o céu é azul. Depois ela vira o rosto do jovem e o fio de sangue era vermelho. Ela pega, então, a pedra que paira sobre o rapaz e segura firme. A filmagem termina com ela cantando em tom de tristeza, escorada a uma pedra com uma asa gravada na pedra, um risco, um desenho de uma asa. Depois que ela some a pedra onde ela está escorada fica verde, ainda com a asa lá. Ela, subliminarmente, era como um anjo guardião dessas pedras que recebiam um sinal de luto (um anjo solidário). Ela era quem recebia os guerreiros mortos em guerra, e não enterrava as pedras, lavava-as no rio e colocava essas pedras sobre as rochas.

Então, eu fui atrás do John, militar que lutou em várias guerras e encontrei o John Boyd. Ele era um estrategista da Força Aérea Americana que revolucionou a aviação de caça no mundo, cuja engenharia com um parceiro criou aviões de caça leves e supersônicos que permitiam manobras rápidas e alto poder de fogo.

Este John lutou na Guerra da Coréia, na Guerra da Espanha, na Segunda Guerra Mundial, na Guerra do Vietnã, na Guerra das Malvinas, na Guerra do Kwait, lutou nos conflitos entre o Irã e o Iraque, em Guerras entre a Índia e outros países. Participou também de conflitos na Rússia, Alemanha, o cara não descansava!

Porém, nesse jogo de coincidências, o John de Desireless morre novo, aliás, não tem idade certa para morrer, só se sabe que ele morre em pleno voo.

O John Boyd que estudei morreu em 1997, aos 70 anos e o cd de Desireless com a faixa "John", se não me falha a memória, foi lançado em 1989. Portanto o meu John não é o mesmo John dela.

O meu John morreu velho e farto de dias, porém, não encontrei relato algum sobre sua morte.

Por uma visão mais ampla, não foi John, o meu John que morreu na guerra, mas que matou a muitos outros "Johns" nessas guerras, eles que falavam Alá, Brahma, Jeová, Dieu, Vishnou... Posso estar enganada, pode ter sido só uma coincidência, mera coincidência, porque a arte imita a vida, mas... Esses mortos poderiam não ter esse nome, mas receberam o nome de quem os matou: John.

Pessoas que numa guerra perdiam a identidade e recebiam a identidade de quem os mandou para o outro plano: John, logo, segundo ela, "foram todos os homens que deixaram tudo para morrerem numa guerra".

Numa guerra ninguém sabe quem é quem. Quem volta com a bandeira são os mortos, sobre seus caixões, bandeiras com estrelas, coroas, foices, martelos... No Brasil, se um soldado morrer, sobre o seu caixão estará o Cruzeiro do Sul, constelação central do nosso Pavilhão. Quem o abateu em pleno voo? Resposta simples: aquele que aperfeiçoou e revolucionou a aviação de caça desde a guerra da Coréia: John Boyd. Mesmo que ele sozinho não tenha matado tantos guerreiros, a invenção sendo dele, do ponto de vista do todo pela parte: John. John carrega nas costas os anônimos que deixaram tudo para lutar e morrer na guerra.

Solange Guimarães

Isso foi apenas uma análise, não uma afirmativa.

Texto escrito em 23/02/2014, às 2:54 - domingo de madrugada.

Solange Guimarães
Enviado por Solange Guimarães em 23/02/2014
Reeditado em 23/02/2014
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