Fuga para o anonimato (ou quase anonimato)

Há exatamente 3 anos, estava entrando mais uma vez para as novas regras da socialidade: o facebook (porque antes era o orkut, porém quem ainda estava inscrito nele já era considerado praticamente um "anti-social" na época). Era a nova onda, todas as pessoas que queriam se socializar estavam migrando para lá, até aí tudo bem, uma rede social como qualquer outra, um sucessor do tão famoso orkut que foi o marco inicial da nova forma de socialização.

Passando-se o tempo, meus amigos aumentavam, álbuns de fotos, frases, curtidas, conversas, novidades, essas coisas que tudo mundo sabe que acontece nessa transição. E o tempo vai passando e você evolui junto, já compartilha coisas melhores, foto melhores, opiniões melhores que antes, e por aí vai. Mas eu me pergunto agora, isso tudo pra quê? Qual o segmento da sua vida isso vai te fazer prosperar, ter sucesso, ou te fazer viver melhor? Foram esses questionamentos que fiz ultimamente que era pra ter sido antes, porém nunca tardio.

O facebook funciona basicamente assim: Primeiro você faz uma conta porque se sente na necessidade de se relacionar com as pessoas e continuar as relações com seus amigos pois hoje em dia a relação real e saudável entre as pessoas está acabando graças a evolução desses sites de relacionamentos, enfim, depois de você se enquadrar nesse perfil social, você começa a corrida pela quantidades de amigos, compartilha toda sombra que vê pela frente, e as outras pessoas te veem como "clichê" que foge das regras cultas da rede social, pois pra quem não sabe quais são é muito simples: Não escrever letras minúsculas e maiúsculas misturadas, não escrever errado, não compartilhar inúmeras figuras coloridas e enfeitadas com frases de "Bom dia flor do dia" ou Boa noite, você é especial e blá blá, não escrever o que está fazendo cada minuto do seu dia, não compartilhar correntes, não se lamentar e sofrer, não clicar em suposto vírus como se todos fossem espertos e inteligentes pra perceber de cara, enfim uma lista infinita desse manual que daria um livro se eu lembrasse de todos. Coisas normais que ninguém percebe e vai fluindo, pois ás vezes você tem que deixar de ser você mesmo porque é "brega" pra essa sociedade, até eu já fiz parte desse grupo de "juízes das regras", não nego e a maioria exorbitante faz parte disso.

Mas ainda tem coisas muitos piores como por exemplo, indiretas: Sério, tem coisa mais ridícula que isso? Pessoas atacando as outras indiretamente (ou diretamente, dependendo da intensidade) almejando aparecer, mostrar que é a superior, a "bam bam bam" da situação, provocando brigas banais que não acrescentam nada de produtivo, e pior ainda, o alvo que não ligar pra isso, é tachado de fraco, interessante não?! Quando penso que já fiz até isso, me dá náuseas, mas isso não é nem a metade, quanto tempo você perdeu olhando seu feed de notícias checando algo de interessante, fuçando o perfil dos outros pra ver o que andam fazendo de suas vidas, sentindo recalque das suas fotos ou hábitos, curtindo ou pedindo curtidas de fotos, xingando os outros sem respeitar opiniões ou comentando coisas até interessantes mas que a iniciativa da ideia nunca ultrapassou o teclado.

Fico imaginando como essas redes afetam o psicológico e autoestima das pessoas, como por exemplo, a garota que é gordinha mas que se sente bem ou mesmo sem se sentir, ela não se enquadra no biotipo dessa sociedade, porque ao postar uma foto de biquini na praia ou no espelho, a reação dos internautas não é a mesma daquela mais "gostosa" e bem formosa que tirou a foto do mesmo jeito, ou seja, ninguém respeita o biotipo, o cabelo, o estilo, a opinião diferente do outro, só é aceito o que é igual, o normal e o adequado para a maioria. Outro exemplo é você ver que aquela pessoa postou uma foto numa praia maravilhosa ou num lugar muito desejado, fez chek-in do lugar mais badalado que está (sério, já se perguntou pra quê raios você tem que postar onde está com mais outras pessoas? Sim,a resposta é essa mesmo!) e você se sente cabisbaixo ou meio que com inveja de estar no mesmo lugar, na mesma situação um dia, quem nunca sentiu isso, ah por favor né, negar não vale.

Depois de me cansar disso tudo pude ver o tempo que perdi me entretendo nisso ao invés de fazer coisas mais interessantes, como ler um livro, me concentrar nos estudos sem algo me interrompendo e me prejudicando e tomando meu tempo, trabalhar mais para alcançar uma meta, seja quitar dívidas ou fazer aqueeeela viagem que você sonha um dia, sentir o contato real, a conversa boa, ouvir o som da gargalhada do próximo, a expressão dos sentimentos na face das pessoas, a diversão real, os momentos com a família, o contato com a natureza e também aquela balada em que todos aproveitam o momento sem um celular na mão esquecendo do mundo ao redor, curtir todos os momentos bons da vida sem se preocupar em gastar tempo e esforço na melhor foto para postar no perfil, pois enfim, isso tudo que desejo fazer agora é o que a maioria das pessoas estão enterrando de vez entregando suas vidas ao novo modo social de viver.

Por fim, antes de afirmar que estou praticamente no anonimato, ainda uso o Watsapp para economizar créditos (rs), o Twitter para checar notícias que gosto muito de me manter informada no que acontece no Brasil e mundo a fora, e também para descarregar sentimentos meus mesmo sem objetivos alguns, apenas para registrar e ponto, mas aqueles hábitos e necessidades de facebook está morrendo aos poucos dentro de mim, e isso é bom pois só assim terei mais tempo para pesquisar conteúdos legais, estudar, ler e escrever que é uma coisa que estou gostando e tentarei fazer a partir de agora, sou uma pessoa muito otimista, ainda acredito que muitas pessoas se tocarão e aprenderão a manusear tais redes sociais com mais cautela para poder viver sua vida real que é bem mais interessante e prazerosa.

Thammy Farias