Questionamentos de um dia sem fim

Não entendo o que acontece comigo. Sofro por coisas que não são minhas. Quando vejo as pessoas sendo enganadas ou feitas de bobas me dá um nó na garganta, pois parece que é comigo. Sei que não sou a Protetora dos Coitados ou a Grande Santa dos Feitos de Otários, mas sinto que preciso fazer alguma coisa. Por isso, escrevo.

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Quando eu era pequena sempre me disseram para falar a verdade. Falo verdades sem pensar, às vezes machuco com a minha falta de jeito. Procuro ser mais polida, ter mais filtro, segurar as palavras dentro da boca e a impulsividade dentro do peito. Nem sempre dá, mas juro que me esforço. É claro que não vomito ou cuspo verdades na cara dos outros, não falo para machucar, mas às vezes essa falta de filtro dói em mim e nos outros. Um exemplo inesquecível: a primeira vez que um amigo que gostava de mim disse que me amava, ao invés de ficar quieta ou fazer uhum ou dar um jeito ou fazer qualquer outra coisa, eu disse olha-não-te-amo-mas-se-eu-sentir-vou-te-falar. Hoje a gente dá risada disso, mas na hora ele ficou chateado. Nem me dei conta que fui insensível, preferi agir com meus princípios. Sabe o que é? Amor para mim é coisa séria. Acho que não deve ser dito um "eu também" se não vem do fundo.

Me impressiono com o descaso das pessoas. Hoje em dia cada um olha para o seu umbigo e ponto final. Ninguém se preocupa com o que o outro pensa, sente, quer, necessita. As pessoas são egoístas, estão preocupadas demais com suas próprias vidas e com as aparências. Desejam ter, ter, ter, ao invés de aproveitar e saber enxergar as coisas simples.

A vida, meu Deus, é tão simples. A gente precisa viver o hoje com toda a força do mundo, pois o amanhã é uma interrogação. E se o mundo termina e se a gente termina e se tudo termina? Todos se preocupam em acumular coisas ao invés de viver essas coisas. E isso é triste demais.

Ando um pouco descrente. Não posso evitar, é mais forte que eu. Cadê o companheirismo, a amizade, o amor, a fidelidade, a lealdade, a camaradagem? Cada um cuida de si, cada um sabe de si, ninguém é capaz de esticar a mão, esperar o pedestre passar, dar bom dia, segurar a porta do elevador. Cadê a educação?

Em tempos de eleições, candidatos se fazem de coitados, falam mal uns dos outros, prometem aumentar o salário mínimo, oferecer condições melhores de saúde, segurança e educação. Burros, não entendem que o foco de tudo é não-faça-com-o-outro-o-que-você-não-quer-que-façam-com-você. Isso devia ser disciplina obrigatória na escola. Quem sabe assim o mundo seria um lugar melhor para a gente viver.

Amanda Beatrice
Enviado por Amanda Beatrice em 06/10/2014
Reeditado em 18/10/2016
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