GRATIDÃO
 E fora tudo que me deste, peço-te uma coisa mais senhor: dá-me um coração agradecido”.
(Francisco de Assis)

 
E se de repente Senhor, quando eu ajoelhasse pela manhã nessa montanha ,e sentindo o frio congelante que vem das bandas do sul, ao invés de murmurar eu o agradecesse por sempre esfriar a terra nas horas tão necessárias?

E se no calor da tarde, em minha simples cabana, no calor terrível que me assola o corpo, eu não fizesse um gesto de desaprovação, mas o agradecesse pela benção que ele é ao esquentar os trópicos, ao conceber as riquezas em frutos e verduras para matar a fome de toda a humanidade?

E se a solidão da noite não me surpreendesse reclamando dos tantos anos vividos, os parentes que partiram já há tanto tempo para o reino do além, e pela clausura imposta aos velhos pelo tempo, pela ausência de amigos e pelo o esquecimento dos amores?

Senhor amigo meu, e se eu não fosse tão egoísta?

E se eu, além disso, ficasse feliz pela felicidade alheia?  Se gargalhasse quando meus amigos alcançasse o sucesso tão esperado (mesmo que efêmero), por suas noitadas de amor (mesmo que iludível), e pelos objetos tecnológicos alcançados (simples brinquedos de adultos)?

Por que os anos passam e eu me sinto ainda tão longe da perfeição, mesmo tendo dedicado minha vida ao teu serviço?
Quando é que eu vou chorar de extrema felicidade somente por está aqui nesse planeta abençoado com luzes, sombras, sabores e cores?

Meu Pai, meu amigo mais intimo, o que acontece comigo? Por que sou assim?

Porque tenho que viver de joelhos te pedindo algo, como se eu fora uma mendigo, quando na verdade tenho tudo a agradecer e nada a reclamar?
Em que outro mundo da via láctea haverá tantos regatos, tantas flores, tantos luares noturnos, quantos sois matinais?

Deu-se que meu coração original perdeu- se no jângal das reencarnações terríveis e aguerridas, que a joia rara caiu no lodo e sonhou ser lodo também, aconteceu que o anjo caiu na lama e identificou-se com os porcos; dai os sentimentos selvagens de propriedade, de ciúmes, de inveja. Dai o coração escuro, a alma de bronze, a mente de ferro.

Dai  tambem o desespero de pensar que aqui estou só, de olhar as estrelas com grandes instrumentos e não ver mais o teu rosto, de buscar templos de pedra construídos pelo homem e não ver tua presença!

E tu lá, escondido dentro de mim, reinando no teu império oculto menor que o menor átomo dentro do meu coração!

Deus, amor meu, es um raio de luz que se oculta  na  tremenda escuridade, uma flor de lótus ao bailar no pântano infecto , um ramo de flores a vicejar  na campa mortal ; és um  oculta joia  no  amago de todas as criaturas , grandes e pequenas!

Foi fechando os olhos que te comtemplei, foi em firme silencio que te ouvi , foi esquecendo o que me falavam de Deus, afastando-me das escrituras que se diziam santas que de fato e de direito te encontrei!

Mas pensava eu que te encontrando eu me encontraria a mim mesmo! Pensava que depois que te achasse em teu esconderijo dentro de meu eu então seria pleno, bom, sem medos, sem sentimentos e pensamentos mesquinhos!

Mas a prova maior de minha mesquinharia é essa: ainda não aprendo a Ti agradecer!

E como um coração rude, feio e ingrato pode ser desprovido de ciúmes, invejas e mediocridades?

Se não sei agradecer por tudo que me dás, como ficarei grato por tudo que presenteaste ao meu vizinho?

E no meu desespero eu grito: Senhor tira de mim esses pensamentos pequenos, esses sentimentos torpes; mas como irias tu tirar  isso de mim se  nunca colocastes?
  Não és tu o manancial de toda nobreza? Não és a fonte de todo heroísmo, toda lealdade, fidelidade, caridade e generosidade?  Não dai tanto a quem nada tem e a quem tem não lhe aumentas os bens?

E não derramas as luzes solares sobre bons e maus?  E o teu perfume nas rosas não é aspirado por ricos e plebeus?

Então todo dia te ofereço minha mediocridade para a transformes em algo de utilidade! Então percebo que me liberto da prisão de mim mesmo, que já não me sinto um velho hipócrita, e que as asas da liberdade superior já se prepara para me doar altos voos!

Então um dia despertarei com o coração pleno de gratidão pelo vento, pelo calor, pela noite solitária e pelas dádivas que dás aos meus vizinhos e a toda a humanidade, e isso será para mim a riqueza mais profunda e a iluminação mais misteriosa.
 
Autor: Sri Srimat Baba Hanuman.
Canalizador-- Nicodemus Silva
16/11/14
 
A Lira dos Imortais
Enviado por A Lira dos Imortais em 17/11/2014
Reeditado em 17/11/2014
Código do texto: T5038294
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