A Magia da Literatura em Minha Vida

Sempre convivi com narrativas, desde a infância. Cresci ouvindo as histórias que minha avó contava da sua terra natal, o que me instigou a gostar de literatura. Quanto ao meu encontro com os livros, este aconteceu por acaso, quando eu tinha uns quinze a dezesseis anos, na escola onde estudei os primeiros anos do ensino fundamental. E foi a partir daí que me descobri, tornando-me sonhadora e idealista.

Os primeiros livros que li, foram dos escritores Laura Ingalls Wilder e Edmundo de Amicis. Por serem edições da década de sessenta e setenta, eram amarelados, o que os tornavam ainda mais encantadores. Além disso, traziam um carimbo com o nome COLTED (que anos mais tarde descobri que se tratava da Comissão do Livro Técnico Didático), que eu dizia ser a secretaria daquela escola, “minha biblioteca COLTED”.

A verdade é que aquele lugar era meu mundo da leitura, um mundo só meu, já que ninguém se interessava pelos tais livros, só eu que era o “terror” da secretária, esta, não suportava minha insistência para ter acesso aquelas preciosidades. Eram muitas obras de vários autores. Lembro-me de um, denominado Poesia e Palavra, mas não me recordo mais do autor. Ele era constituído por gramática e poesias, entre elas, de Cecília Meireles. Foi nele que conheci o poema As Meninas.

E como esquecer a obra Esta é Nossa História, de Sônia Pacheco? Nunca saiu da minha memória a imagem da linda escrava com seu filho nas costas, na capa do livro, que contava sobre o Brasil Império. Foi o livro mais belo que vi em toda minha vida e por isso, nunca esqueci.

Entretanto, minha grande e inesquecível leitura ocorreu com o livro Uma Pequena Casa na Campina, da americana Laura Ingalls Wilder. Foi uma leitura simples, singela, doce como são os livros de Ingalls. Depois li O Jovem Fazendeiro e A Margem da Lagoa Prateada, também da mesma autora, que até hoje é minha escritora favorita.

Depois, encontrei um livro bem “acabadinho” de capa verde, chamado Coração, e logo me encantei com o nome do autor: Edmundo de Amicis. Li esta obra em poucos dias. Tratava-se da história do menino Henrique, contada em primeira pessoa, pelo mesmo. E foi divertido conhecer Precoce, Deroce, e todos aqueles personagens incríveis. Nunca mais vi nem li esta obra, no entanto, ainda lembro-me da última frase, que conclui o romance: “Não pude articular palavra”.

Algo que me deixava curiosa nesses livros era o fato deles não trazerem a biografia dos autores, de modo que eu não sabia quem eram eles. Através do enredo, é que eu descobria que Laura era americana e Amicis, italiano. Como eu nunca tinha ouvido falar nos mesmos, ficava curiosa para saber de suas vidas. Parecia que eu, na “minha COLTED” vivia num mundo a parte.

O fato é que foram essas leituras que me tornaram uma pessoa crítica e capaz de argumentar sobre as questões mundiais e me levaram a reflexão em busca de mim. Se hoje tenho facilidade de falar sobre qualquer assunto, foi devido a essas leituras. Acredito que o que busco para dar sentido a minha existência está nos livros, especialmente, nos romances. Sim, sou sonhadora e romântica e ainda acho que vale a pena buscar a fantasia da vida e acreditar num mundo melhor. Serei sempre leitora e idealista, mesmo quando escuto meu pai me dizer: “Minha filha, história não dar comer a ninguém”.