Na noite em que ia ser entregue

Na noite em que ia ser entregue, o Filho do Homem foi ao Monte das Oliveiras para orar e levou Pedro junto a outro discípulo. Na verdade, queria se despedir, pois suas orações eram cálices que transbordavam da boca de todos os presentes. Pedro e o discípulo dormiram. Jesus se chateou, e voltaram, meio que brigados. Na verdade, era melhor assim, pois às vezes a chateação se dá melhor quando o inevitável é muito confuso para a mente humana.

Iscariotes e o beijo. A espada na orelha do centurião romano.

Mas Jesus, o Cristo, restabeleceu aquela orelha. Em meu coração, algo me diz que Lhes disse como que:

- São muitos deles. Matariam todos vocês, quem levaria a Palavra de Meu Pai para às gerações senão vocês? Poderia neste instante clamar aos anjos de Meu Pai para salvar-me deste Calvário, mas isso não pouparia vocês. Vocês são mais do que eu e haja que o aluno supera o Mestre. Quando eu voltasse ao meu Pai, no dia do meu Retorno, a semente estaria plantada mas não a plantação.

Depois o silêncio do Filho do Homem. A traição dos que foram curados, a quem tanto amou. Eu jamais saberei quanto amor cabe dentro do coração daquele Homem! A cabeça girando enquanto carregava a pesada cruz, Na cabeça, espinhos cravados e sangue muito sangue. Sagrado sangue é derramado. A cabeça girava, pensamentos de confusão junto ao escárnio dos seus amados, o abandono de muitos discípulos. Chicoteando-no, caiu três vezes. a cruz, ainda mais pesada que Ele o massacrou. Por que não, Se entregar ali mesmo à morte? Por que levantar? Com forças imateriais ergueu a cruz e seguiu. Algo necessitava ser feito.

Recentemente vi uma Relíquia católica em uma igreja na Rua Frei Caneca em São Paulo em que Jesus na cruz comunica-se com uma mulher e do outro lado um homem com rosto muito desfigurado parece fazer-lhe ofensas. Em preces, tentando entender porque assisti à Celebração Eucarística naquele dia e naquela igreja, percebi que precisava entender o porquê daquela Relíquia. Para mim, aquele homem desfigurado era Judas Iscariotes, acusando Maria, Mãe de Jesus por todas as vezes em que Ela pediu para que Jesus fosse a alguma outra cidade fora dos planos de Judas, que carregava a sacola de dinheiro, era o tesoureiro. Judas acusava-A dizendo que se tivessem seguido o plano de visitar as sinagogas (Jesus ensinava em sinagogas também, era chamado Rabí), conseguiriam mais dinheiro para contribuir com Roma e poupar a vida de Jesus. Maria sabia que Judas havia entregue Seu Filho e calou-se. Mas então, em meu coração, sinto que a força que não havia mais veio de dentro do Mestre posto na cruz, para expulsar aquele demônio de Sua presença e da presença de Sua Mãe, explicando à Sua Mãe, tentando puxar fôlego e com a mesma amorosidade de sempre, que Ela jamais se sentisse culpada por nada disso, e foi explicando cada uma das vezes que Ela pediu que Ele curasse um pequeno ao invés de falar publicamente, pois naquele dia, seria o dia em que Ele seria entregue. Se Ela fez essas coisas foi para que O Mestre pudesse ficar mais tempo com a Humanidade.

Não sei quando nosso Luto por tudo isso acabou. Não sei quando nosso Luto por nossa Morte diante do fato de não termos presenciado e vivido tamanho amor iniciou. A Santa Igreja Católica nos fez um calendário que permite viver o Luto e a Alegria, cada qual em Seu Divino Mistério. Mas para mim não há dia que eu não pense um pouquinho na dor e um pouquinho na alegria. Gosto de acreditar que os Santos Imaculados viveram e partilharam deste amor que tanto procuro no Evangelho. E também gosto de acreditar que nosso Eterno Luto por Nosso Amado Mestre jamais pode cerrar nossa luta contra o mal, contra os que não foram batizados e contra os que tiram vantagem de tudo. Somente peço a Deus Pai que a cegueira destes não impeça a mim de fazer meu pequeno trabalho diário, no meu caso como professora, para atingir àquele que quer amar também pois este já tem a semente do amor no coração. Dentre meus alunos há os que amam e os aproveitadores. Peço, Senhor, que separe o joio do trigo, para que trabalhando eu possa encontrar no Próximo que Ama (Pedro nas Oliveiras) e em Ti (Jesus), assim como no Espírito que vive em todos (o segundo discípulo) o transbordar do cálice de Suas Eternas Alegrias.

Senhor, Escutai a minha prece!

SUSHAMANA TARA THAI - TARITA (Thais Moraes)

Thai
Enviado por Thai em 21/11/2015
Reeditado em 22/11/2015
Código do texto: T5456708
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