O sentimento move as ideias. Mas por que?

De certo que, contemporaneamente, se um ente está sendo sepultado, um amor indo embora, uma tragédia acontecendo na família, é louvável admitir que, em torno dos acontecimentos e mesmo após o fenômeno, muitas ideias são geradas. Ademais, também aos circundantes, tentar entender o fenômeno é sobretudo louvar a poesia, que é gerada em torno das desgraças.

Sendo assim, seja na idade antiga ou modernamente, certo é que, em torno de um rito fúnebre por exemplo, a dor gerada, de passagem gera muitas ideias que, em torno da homenagem ao morto, podem ser consideradas como belos pelos ouvintes muitos dizeres, sobretudo a lembrança da ciência em torno do temor da morte, ou, mais ainda, a poética forma de homenagem, predisposta a ser bela, encantadora, saudosa, virtuosa e de muitas outras formas similares."

Todavia, aparentemente, como foi abordado inicialmente, não é só de enterro que se fabrica poesia, haja vista os amores, quando subitamente separados, encontram-se em via de criação, tendo como missão, ser profundo, original, verdadeiro e belo. Não desejo aqui falar muito sobre a relação da ideia com o fenômeno, pretendo já, como diz o título, refletir obrigatoriamente por que o sentimento move as ideias?

Ora, no caso dos sentimentos pela amada, é certo que muitos que sintam ou sentiram algo desejarão provar o divino, eterno e de algum modo, o místico com a fundamentação de novas ideias. Mas o fato é que, caso surja alguém lá na frente, com os mesmos sentimentos, é certo que as ideias, ou ao menos os cantos parecerão ser belos de acordo com os códigos estabelecidos no universo, como num conjunto de signos ora seguido duma base comum e ora extraídos duma sequência experimental do particular, do seu íntimo, dado na sua relação de verossimilhança com o seu mundo. Desse modo, para os crentes nas ideias, é certo que exista um edifício perfeito, da ideia, que faz escalada para chegar em Deus, e, sobremodo, excluí os ignorantes do seu hábito, mais puro. De outro modo, não pretendo me alongar aqui, nesse pequeno artigo, em assuntos que intentem à divindade.

Assim, se os sentimentos movem as ideias, isso é fácil reconhecer. Mas por que esse fenômeno acontece é via de interpretações já fazem mais de 1.000 a.C. Seja na poesia antiga, como nos ditirambos, seja na poesia moderna, sem os cantos e ritos fúnebres, certo é que, se o sentimento move as ideias, então, a dor move o homem à sair da tradicional função de simples bactéria, e na sequencia, seguir rumo ao eterno valor de sua própria tradição, a saber, daquela natureza humana que é eternamente fadada a decadência, na dor, pela ideia, que se torna abstrata, imprecisa e cada vez mais propícia a conflitos.

De modo que, a moça diz te amo, e o rapaz diz, te amo, mas, sobremaneira, estão a falar de coisas completamente diferentes, vítimas da ascensão da ideia, que mais complica a prática da vida do que, simplesmente ajuda.

Pingado
Enviado por Pingado em 10/01/2016
Reeditado em 10/01/2016
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