Como você consegue?

Fiz-me um homem que se encanta com as inconstâncias da vida. Sou um daqueles que percebe as mais pífias variações, que sente a mudança, que entende as transformações. Para pessoas como eu, cada detalhe conta, cada minúcia impressiona, toda singularidade apaixona.

Num mundo que impõe rotina, tempo e impaciência, fiz-me horário de ônibus em dia de domingo, fiz-me escritor e fiz-me cliente em fila de banco – não necessariamente paciente, mas que espera até o fim. Num mundo de incertezas, fiz-me inquestionável metáfora e incompreensível persona.

Inebriado pelo prazer de viver, às vezes permaneço aéreo. Quando nos apresentaram, não sei a qual altura voava, mas, de certo, não plainava perto ao chão. Questiono-me, todos os dias, o porquê da demora em reconhecê-la como a mais bela incógnita da qual me recordo. Você é completamente instável... e isso me excita.

Toda singularidade apaixona e você reúne tantas delas que seria impossível não lhe amar. Conte-me suas ideias, impressione-me com seus pensamentos, atraia-me com suas atitudes. Aproxime-se de mim e diga seu nome.

Enquanto você evitar que nos relacionemos, chamá-la-ei de “grande”. Apesar de não saber seu nome, afirmo que há mulheres maiores que outras e, a você, não cabe meu típico “pequena”. Mais uma singularidade sua: eu nem a conheço e já é a única que tenho o prazer de chamar de “grande”. Como você consegue?