Notas Introdutórias:  
Labirintos: percursos intrincados criados com a intenção de desafiar e/ou desorientar quem os percorre.

Labirinto, região interna do ouvido, é responsável por nosso equilíbrio. Quando os cristais do labirinto se deslocam provocam vertigens, tonteira e mal-estar.


 
UMA VIAGEM INTERIOR
 
Eu tenho uma verdadeira paixão por gente.  Gosto de trabalhar com gente. Não saberia fazer outra coisa. Serviços burocráticos, técnicos, não me atraem. Gosto da troca de saberes. De viver em grupo.  Trabalhar em equipe.
 
Isso, claro, tem um preço. Conviver com pessoas é correr riscos. É ser levado, muitas vezes, para o interior de labirintos alheios, pois em quase todos os lugares há alguém que julga saber tudo sobre os outros. Gente que abandona a larga estrada da verdade e penetra em um labirinto de preconceitos. Maldade. Má fé.
 
Perdidas em seus infernos (labirintos) interiores, entregues aos seus medos e cercadas por seus fantasmas se tornam reféns de seus dragões. Seres que se distanciam de suas verdades e se perdem nas veredas da mentira. Que abandonam a luz e seguem as sombras das maldades, fofocas e achismos.

Seres que não tem coragem de olhar para si mesmos e olham para o outro a partir de seus mundos pequenos e sombrios. E, nesta caminhada sem luz, vão enveredando por um labirinto que os levam cada vez para mais longe de si e do outro.

Seres que nunca vão entender a grandeza de uma amizade. O amor que pode ser vivido entre os dois sexos sem ser uma relação amorosa. Uma troca de carinho, sem ser uma carícia erótica. Gente que não sabe abraçar o outro e ignora que o abraço inteiro, verdadeiro, envolve o outro numa rede de ternura e carinho.

Gente que não cuida de seus cristais. Que vê maldade em tudo. Que não consegue amar e se deixar amar, que tem uma mente tão pequena que não alcança a grandeza de ser inteira. Gente que se veste de preconceitos e não alcança a luz da saída de seus labirintos internos.
 
Gente que destila veneno no olhar e no falar. Que sorri de forma zombeteira e elogia com sarcasmo na voz e no olhar. Gente que pensa saber tudo sobre a vida e as pessoas e mal sabem de si mesmas.  Gente que não se aceita e, portanto, não consegue conviver com quem vive de bem com a vida.
Gente que fala de paz e luz e tem áurea carregada de sombras e palavras tão afiadas quanto navalha.
 
Graças a Deus esse tipo de gente, apesar de todo mal que faz, é minoria. Minotauros da modernidade. Seres disformes. Que não conseguem encontrar a saída do labirinto, pois não estão dispostos a encarar a verdade e, deste labirinto ninguém pode ser resgatado senão por si mesmo. Pela coragem de enfrentar seus fantasmas e olhar para dentro de si com mais amor e benevolência. De ver em si a extensão do outro.
 
Os cristais do labirinto, perdidos na caminhada, podem ser repostos com doses generosas de verdade, humildade, tolerância e amor. Nossa missão deve ser resolver o labirinto de nossa própria existência e, jamais, levar o outro para nossos labirintos, mas todos tem a obrigação de não deixar o outro cair em seus labirintos e, quando possível, ajuda-los a encontrar a porta de saída.

 
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Labirintos do Ser. Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/labirintosdoser.htm

 
 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 04/07/2016
Reeditado em 29/08/2017
Código do texto: T5687069
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