A maldição de Celso Brant

A MALDIÇÃO DE CELSO BRANT
Miguel Carqueija

(Este texto foi publicado no jornal Metropress de julho de 2003, n° 313, no Rio de Janeiro)

Quem se lembra do pronunciamento do intelectual Celso Brant na televisão, nos idos de 1989? Naquela ocasião ele declarou que o sistema brasileiro, por suas características, obrigava cada novo governo a ser pior que o anterior.
Ele até observou: “Não se podia imaginar um presidente da república pior do que Figueiredo. No entanto, ele existe e está aí.”(Para quem não se recorda, era o tempo de José Sarney). E acrescentou profético: “O próximo também será pior.” Bem, o próximo, no caso, foi Collor. Precisa algum comentário?
Depois de Collor veio FHC, que governou com arrogância e paralisou o país com o Plano Real, um “plano diabólico” na sagaz apreciação de Enéas Carneiro. E como em 98 não acharam ninguém pior do que FHC, resolveram bisá-lo — e o segundo mandato foi pior do que o primeiro (lembram da promessa de acabar com o desemprego?).
E agora? Infelizmente, com o atual governo fazendo justamente o contrário de seu discurso antes de ser governo, e mantendo a nossa submissão ao FMI, não vejo ainda quebrada a sina identificada pelo perpicaz Celso Brant. Como naquelas intermináveis séries de terror, de Jason e cia., a maldição ainda está de pé.
NOTA em 28/8/2017: apenas Itamar Franco quebrou esta cadeia macabra, mas ele apenas substituiu Collor, completando o seu mandato. Lula, Dilma e Temer dão prosseguimento à macabra “maldição de Celso Brant”. E em 2018, quebraremos a maldição?