Uma difícil decisão – A verdade (Capitulo III)

Júlia se lembrou de que já fazia 15 anos que ela tomou aquela decisão de trocar sua filha pela filha do juiz. O dia amanheceu ensolarado e Júlia decidida, pois naquela semana ela forá informada pela empregada domestica do juiz que o casal pretendia ir embora do país direto para a Europa.

Foi até o prédio e pediu para falar com a esposa do juiz e disse que era algo muito importante e que tinha haver com a felicidade da filha dela.

Ana Lucia não conhecia Júlia, mas ficou interessada em saber o que uma estranha sabia sobre a filha dela.

Assim que a porta foi aberta a empregada se assustou e disse:

_ O que faz aqui em cima? Pois reconhecia Júlia e sabia de sua condição de moradora do lixão.

_ Vim falar com tua patroa.

_ Por quê?

_ É um assunto particular, ela está me esperando.

_ Marilda, o que está havendo ai? Perguntou Ana Lucia vindo até a porta e reconhecendo a senhora como uma mulher que chorará no parque há alguns anos atrás.

_ Bom dia! Obrigada por me receber... Disse Júlia.

_ Eu me lembro da senhora no parque. O que a senhora tem para me dizer?

Júlia respirou fundo e engoliu em seco. E então começou a dizer ali mesmo na porta e diante da empregada que não soltava a porta.

_ Há 15 anos eu dei a luz a uma menina no mesmo hospital que a senhora, o médico disse que minha menina ia morrer,....

_ Não estou entendendo o que minha filha tem com a sua historia.

_ Eu troquei as crianças... Disse ela baixinho.

_ Como?! Perguntou Ana Lucia sentindo suas pernas amolecerem... O coração batia descompassado, a boca secou e os olhos lagrimejaram. Ana buscava com a mão um apoio.

Júlia sentia o seu corpo tremer e a voz embargar, seu coração batia acelerado e ela sentia como se fosse morrer, reuniu todas as forças e continuou.

_ O médico disse que ela ia morrer, então desesperei... fui até seu marido pedi ajuda e ele não quis me ajudar então fui até o berçário chorando, você passou mal e as enfermeiras me deixaram lá com as crianças, sua filha era forte, parecia sorrir para mim, foi quando notei que a fita com o seu nome não havia sido colada... peguei a fita e colei na minha menina... pequei o pano que enrolava a minha e enrolei a sua... pus ela em meus braços e ela olhou para mim... passei a mão sobre a minha e sai com a sua no colo... Júlia começou a chorar desesperadamente.

Neste momento, o juiz e a filha chegam abraçados e sorrindo muito e em seguida aparece o tio dizendo:

_ Por que não me esperaram?

Todos param na porta do apartamento ao verem as três mulheres chorando.

O juiz faz com que todos entrem no apartamento abraça e beija a esposa que não para de chorar, grita com Marilda para ir buscar água. Olha a mulher que lhe parece familiar, mas não se lembra.

A filha do juiz se chama Carla em homenagem ao pai, ela também olha a mulher, mas seu olhar é de nojo, enquanto abraça a mãe.

Gio é o tio, o único que cumprimentou Júlia pelo nome, então olha para ela e pergunta:

_ Aconteceu algo com Angel? Por isso está aqui?

_ Quem é Angel? Por que vocês estão chorando? Berra o juiz.

Júlia reuniu todas as suas forças e diz em um tom de raiva.

_ É sua filha!

O juiz ri, pois acha que a mulher está tentando aplicar um golpe.

_ Não me relaciono com pessoas do seu nível...

Mas antes que pudesse continuar, sua esposa grita.

_ Ela disse que trocou as crianças!

_ Júlia, a menina Angel é minha sobrinha? Pergunta Gio com os olhos marejados, sentindo uma emoção tomar conta de seu coração. Então ele abraça Júlia...

_ É sim! Sussurra Júlia em seu ouvido entre soluços.

_ Isso é mentira! Berra Carla em desespero. Eu sou a filha de vocês, não sou filha dessa mulher horrível.

Carlos abraça a filha e diz:

_ É claro que isso só pode ser mentira! Grita Carlos.

_ Eu conheço a menina, e acho que ela está dizendo a verdade... Olhando para a irmã continua.

_ Ela é a sua cara, mas só agora eu percebo porque eu a achava tão familiar.

_ Vou chamar a policia! Grita Carlos.

_ Não! Nós vamos resolver isso primeiro. Eu quero ver essa menina! Diz Ana Lucia com energia.

Enquanto todos se acalmam, Carla está em desespero nos braços do pai, que repete sem parar:

_ Você é minha filha! Nada vai mudar.

Júlia reconta a história enquanto Gio vai buscar a menina.

Continua...