VENDO FAZER FARINHA E FUMO DE ROLO

Rio de Janeiro, Sábado, 13 de outubro de 2018

Cada um de nós possui uma natureza. Assim é que apresentamos diferenças entre nós no cotidiano. Eu, por exemplo, que nasci na cidade do Rio de Janeiro, e no ano em que nasci ela era a capital federal. Acostumado em rua asfaltada, água encanada, ônibus na porta, dentre outras coisas próprias de uma grande cidade, nunca estranhei lugares ditos ou chamados roça.

E como meus pais foram oriundos dessas regiões, tive oportunidade de muitas vezes estar numa delas. Até mesmo a região onde eles nasceram e viveram por alguns anos. E assim, com um passeio à cidade de Lagarto no início da década de sessenta, tive a satisfação de viver ali por uns dias durante a minha infância.

As famílias de meus pais eram grandes. Muitos irmãos e irmãs. Daí surgiram muitos primos. Hoje, por exemplo, diria que sou primo tetravô, porque já os possuo em quarto grau. E isso é um fato até interessante de se observar.

Em Lagarto, Sergipe, durante nossa estada lá, ficamos alojados na casa de minha avó Bodoga. Era um sitião, como se costuma dizer naquelas paragens. Mas perto dali havia outros parentes nossos, morando e vivendo em sítios, também. E num deles,

enorme, morava minha tia Ascindina, irmã de minha mãe. E fomos lá por várias vezes enquanto permanecemos em Lagarto.

O sítio possuía uma casa de farinha. E era usada por meus tios, mas que permitiam a vizinhos usa-la também. Mas havia a troca de valores. Quase sempre eram sacos de farinhas, das fabricadas no local. Pagava-se com uma parte da produção. Essa metodologia era antiga e comum no interior do país. E tivemos a oportunidade de ver fazer farinha.

Uma outra coisa que aquela região produzia com volume era a plantação de fumo. Então, nas colheitas, era comum juntarem-se muitas pessoas amigas para a confecção dos rolos de fumo. E naquela oportunidade, lá, tivemos também a chance de ver esse tipo de serviço.

E lembro bem um dia em que levado por primos, fomos no interior de um depósito de fumo de rolos. No caso no centro da cidade, perto de uma bodega de outro tio meu. E foi um tremendo sufoco estar ali dentro. O ar era extremamente sufocante, principalmente para quem não

tinha costume com aquilo. Tudo isso era uma tremenda novidade para uns garotos do Rio de Janeiro, marinheiros de primeira viagem.

É claro que ainda hoje os modos de vida das pessoas do interior são bem diferentes dos que moram e vivem em grandes centros. E como conheço ambos os lados, penso que os primeiros levam muitas vantagens sobre os segundos. Mas isso é só um ponto de vista de alguém com alma rural.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 13/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6474849
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