Quem é vulnerável?

QUEM É VULNERÁVEL?

Miguel Carqueija

Revendo meus recortes encontrei um do jornal carioca Tribuna da Imprensa, infelizmente sem data mas que estava junto com um lote de 1999.

Sob o título “assassino” dizia a notícia: “Um garoto de 15 anos foi sentenciado ontem à prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, por ter agredido e esfaqueado uma vizinha de oito anos de idade, cujo corpo fôra encontrado dias mais tarde embaixo de sua cama (sic). Joshua Phillips foi julgado como adulto, no mês passado, e condenado por homicídio qualificado pela morte de Maddie Clifton, no dia 3 de novembro do ano passado. A menina morava em frente à casa de Joshua, em um bairro de Jacksonville. Joshua chegou a fingir que prestava ajuda na busca por Maddie pelo bairro, quando ainda havia esperança de que estivesse viva. A sentença foi definida após emocionantes apelos das famílias Phillips e Clifton, em uma audiência que durou cerca de uma hora. Joshua, em pé e com a cabeça abaixada, não expressou nenhuma emoção ao ser comunicado que não seria julgado como adolescente, mas como adulto, e que passaria o resto de sua vida na prisão”.

Como se vê, nos Estados Unidos não prevalece essa ideia liberal de que em qualquer caso menor é inimputável. Num caso escabroso como esse parece-me que vulnerável não era Joshua, mas Maddie, assim cruelmente ceifada com apenas oito anos.

Aqui no Brasil a esquerda liberal/socialista faz-se de complacente e vem logo com aquela conversa de que repressão não resolve, não resolve diminuir a responsabilidade penal de 18 para 16 anos (nos EUA já se vê, a Lei atinge com 15 anos), que o que é preciso é investir na educação etc.

Ora, é claro que é preciso investir na educação. Porém, mesmo se vivêssemos no melhor dos mundos em relação a isso, com escolas modelares em todo o país e nenhuma criança de idade escolar fora da sala de aula, assim mesmo haveriam adolescentes assassinos. É um absurdo que garotos de 16/17 anos possam votar, casar e dirigir carro, mas não possam responder por crimes hediondos que pratiquem.

Ele era uma vítima da sociedade, dirá alguém, como se fosse possível processar e prender a sociedade; algum adulto o corrompeu. Mas, esse tipo de desculpa iria consolar a família de Maddie?

Rio de Janeiro, 25 de março de 2019.