O que irá acontecer com a inteligência do seu filho se ele "perder o ano" por não ir à escola por causa da pandemia??

Provavelmente, nada de sério, afinal, o que realmente aprendemos dos anos escolares não é muito, perto do que a maioria dos professores gostaria ou pensa. Tirando alfabetização e matemática básicas, a escola tem pouca influência sobre aquilo que nós mesmos não temos, como achamos que temos, que são os caminhos que os nossos intelectos nos direcionam e a quantidade de conhecimentos que acumulamos//aprendemos.

Portanto,os estudantes mais inteligentes continuarão estudando, buscando pelo conhecimento por conta própria, enquanto que os estudantes médios continuarão preferindo pela socialização [em redes sociais] ou "coisas de sua idade" do que pelo aprendizado ou reforço voluntário de matérias da escola e extra-escolares, sem falar sobre aquilo que eles aprendem enquanto navegam pela web.

Os mais criativos continuarão afiados em suas capacidades de imaginação.

Os estudantes com dificuldades significativas de aprendizado, de absorção em determinadas áreas ou em todas as áreas, continuarão apresentando essas discrepâncias, independente se estão na escola ou não. Sabemos que a maioria deles não consegue sanar esses défices até o fim do período escolar, provavelmente porque são parte de suas naturezas cognitivas e que, ao contrário do que muitos pensam, isso não é necessariamente trágico.

Engraçado que esse seria um ótimo argumento dos professores para endossar a manutenção da suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia de covid-19, mas é politicamente incorreto demais, porque quase chega a concluir que a escola não é tão imprescindível assim para o desenvolvimento individual da inteligência humana, o oposto do que os especialistas em educação sempre defendem, ainda que seja inegável que enfatize o conhecimento na vida de seres humanos em formação e que organize em ordem crescente de dificuldade ou complexidade o material didático que é dado, facilitando e tirando boa parte dessa carga de responsabilidade de pais e responsáveis. Sem falar que a universalização da educação, a partir do século XIX, também parece que foi com o intuito de entregar a tutela de criar os filhos dos trabalhadores ao Estado, de mantê-los dentro de um espaço circunscrito até o início da vida adulta, inclusive para não causarem mais distúrbios fora dos domínios físicos da escola, para que os seus pais tivessem mais horas para trabalhar e dar lucros aos seus patrões, diga-se...

A escola reforça a ênfase no conhecimento e isso pode até ter um impacto variavelmente importante para a maioria, mas, parece perceptível que os seus efeitos não são absolutos tal como, novamente, a maioria dos profissionais da educação acredita. Pega mal dizer esse tipo de coisa, se, atualmente, o professor tem sido, ao mesmo tempo, uma profissão muito respeitada na teoria, mas não na prática.

Portanto, se o seu filho ama matemática, não será um ano ou mais sem ter aula presencial que irá debilitar suas capacidades. Se ele tiver dificuldades significativas nisso, também não se preocupe. Ele não irá piorar.

Ainda é possível pensar que os estudantes com algum potencial de expansão de aprendizado (geralmente em relação à áreas específicas) que depende de mais estímulos externos, possam ser os mais prejudicados por essa situação. Mas, não acredito que irão perder a chance de melhorar naquilo que podem, porque terão muitas outras oportunidades para isso.

Quanto aos que estão em idade de alfabetização, também penso na mesma lógica de que não existe exatamente um ano específico da vida da criança/do ser humano em que o potencial para aprender a ler e a escrever encontra-se mais expandido e que, se perdê-lo, isso resultará em um défice irrecuperável, sem falar que muitos pais têm capacidade para ensinar o básico.