As Flechas Opostas do Sagrado

Por

ARACELLY BATISTA PRIMO

Aluna do Curso de Letras – Português/Literaturas

Ao analisar sua lírica, Alfredo Bosi lembra que “A linguagem de “A Santa Inês”, “Do Santíssim o Sacramento” e “Em Deus, m eu Criador” molda-se na tradição medieval espanhola e portuguesa;”. O crítico, observando que suas form as breves e seu despojam ento m aterial não se harmonizavam com o homem da Renascença: “em metros breves, da “medida velha” Anchieta traduz a sua visão do mundo ainda alheia ao Renascimento e, portanto, arredia em relação aos bens terrenos”

Pelo que Anchieta busca transformar as crenças e os hábitos dos indígenas, sua poesia, mais que “brasileira” propriamente dita, significa antes a inserção do Brasil na tradição cristã, evidentemente com muito mais méritos - poéticos e hu manos - que a Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira Pinto, marco inicial entre nós da longa influência clássico-camoniana.

A poesia lírica de Anchieta se encarrega dessa missão utilizando exclusivamente os recursos de linguagem , o que o obriga a sutilezas expressivas a fim de dar conta não somente do caráter abstrato das no- ções religiosas, mas também de seu aspecto ritual, de espetáculo, considerados componentes necessários para criar o efeito do real capaz de impressionar as mentes “simples” dos povos indígenas. Em “DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO”, por exemplo, o significado da comunhão, de longa história na prática religiosa, vai sendo desenvolvido através da variação de proposições conceituais e exemplos retirados seja no universo da experiência elementar de todo ser humano (alimentação, amor, prazeres, guerra, etc.) ajustados tanto à história desse sacramento enquanto modo de ligação entre Deus e o homem, mas também à vida concreta dos nativos. A relação simbólica entre o cristão e a divindade vai se revelando através dos dados concretos e variados da experiência, embora sob uma ótica predominantemente otimista e prazeirosa.

O objetivo principal da análise dos textos mencionados será justamente desvendar os procedimentos literários utilizados por Anchieta. Buscaremos, com essa análise, mostrar que, apesar de Anchieta ser um exemplar jesuíta, fiel discípulo dos ensinamentos de seu mestre Inácio de Loyola, esses textos possui, afora o aspecto de catequese, um aspecto também literário, o qual é perceptível no trabalho com a linguagem através do uso de mecanismos literários, como alegorias, figuras e metáforas.

Alfredo Bosi destaca que a cristandade e as crenças indígenas se fundem em um sincretismo religioso e formam não uma representação cristã e nem uma representação indígena do sagrado, mas sim uma terceira e inédita forma religiosa.

Além dos personagens e da língua, o auto de Anchieta está repleto da dança e dos ritos indígenas. Embora que alguns elementos da cultura nativa fossem combatidos pelos jesuítas, outros eram inclusos nos autos como o canto, a música e a dança, visto que era de muito agrado dos indígenas. Anchieta utilizou-se dessas manifestações culturais para atingir o subjetivismo indígena e assim fazer com que eles entendessem melhor a mensagem cristã de salvação.

A simplicidade dos diálogos, os elementos da cultura indígenas, o cenário, as personagens, seu modo de falar e o público alvo tornam a obra teatral de Anchieta singular.

José de Anchieta, por meio de sua ação missionária, contribuiu para a formação do legado cultural e literário brasileiro. Contribuiu ainda para a formação e o desenvolvimento dos aspectos educacionais, pois sua produção teatral tinha fins catequéticos e educacionais.O teatro teve sua origem na Antiguidade. Devemos destacar sua formação em dois momentos: o teatro clássico grego e o teatro romano. O teatro grego é originário do rito, ou seja, está ligado às manifestações religiosas da Grécia Antiga. Suas apresentações são relacionadas aos rituais de culto a Dionísio, deus do vinho, e a Ceres, deusa da fertilidade. Desde sua chegada no Brasil no ano de 1553, se aproximou e logo assimilou os conhecimentos e costumes dos indígenas sem perder o objetivo de sua missão. E foi por meio do teatro que desenvolveu e obteve bons resultados de seu trabalho missionário junto à conversão dos indígenas e a manutenção da fé dos colonos. Sua produção teatral tinha como destaque a luta entre o bem e o mal. Nesse contexto o bem era tudo o que representasse os costumes religiosos do colonizador, aquilo que deveria ser assimilado e praticado, em uma imposição da cultural. O mal eram as práticas e costumes do indígena que deveria ser substituída pelo novo modelo cultural imposto, um processo de aculturação. O tema do teatro era o bem e o mal.Sua primeira peça foi escrita a pedido do Padre Manuel da Nóbrega para uma apresentação mais adequada aos ambientes sagrados. Na peça podemos notar a temática central mantida em todas as peças, a luta entre o bem o mal. A partir desta temática, José de Anchieta desenvolvia outros temas. A importância de Anchieta na literatura do Brasil se de ao fato dele substituir a local dos nativos rompendo com uma tradição. Anchieta preferiu usar um.vocabulário português,bem na raiz da língua nativa que eram variadas. Um grande poeta e cancioneiro ele conseguiu transpor o imaginário do outro usando a música é a poesia ele fez a catequese dos índios introduzindo palavras tipo.Era proibido comer carne humana e não atacar os portugueses.Temas como pecado, devoção, proteção, adoração, crisma, arrependimento, eram constantes em suas produções teatrais, pois mantinham uma estrutura simples mas com objetivos claros, a imposição da cultura europeia sobre a cultura indígena e a manutenção da fé dos colonos.

Gregorio de Matos e Guerra foi o grande marco da Poesia Brasileira , ou seja o primeiro poeta brasileiro, sua poesia esta dividia em três fases: poesia satírica , religiosa e lírica. Tinha pais abastados, seguiu carreira jurídica e aos 19 anos foi a Portugal, com o intuito de cursar Direito na faculdade de Coimbra, onde trabalhou como juiz de fora na cidade de Alcácer do Sal(região do Alentejo). Retorna ao Brasil em 1683, mas foi destituido de suas funções por desacatar ordens da instituição religiosa, como a de não usar o vestuário exigido para seu cargo e, em 1685 foi denunciado sob a acusação de que seus costumes e suas opiniões críticas não condiziam com o esperado de alguém que exerce funções dentro de uma instituição sagrada. Ainda em Portugal foi nomeado representante da Bahia nas cortes de Lisboa e em 1672 torna-se procurador. Tinha uma personalidade rebelde , pois fez críticas a diversos aspectos da sociedade , do governo e da Igreja Católica. Um poeta tipicamente barroco , causou alvoroço com suas poesias satíricas , foi exilado de sua cidade natal Bahia para Angola em 1694, devido a ira provocada a um parente do governador - geral ,chegando em seu destino ajuda a conter uma revolta militar. Também é responsavel por uma vasta obra poética que começou a ser organizada e publicada nas primeiras décadas do século XIX. O poeta apaixonou-se pela viúva Maria dos Povos, e seu relacionamento com ela acabou levando-o à miséria, então se entregou a uma vida boêmia. Já escrevia sátiras em Portugal, e, ao voltar ao Brasil, não poupou a sociedade baiana e seus costumes. Além da poesia satírica, escrevia também poesia erótica (às vezes, pornográfica), o que provocou o incômodo e o divertimento da sociedade da época. No entanto, suas sátiras também lhe rederam algumas inimizades. Devido a sua poesia satírica ficou conhecido como “Boca do Inferno” , aquele que fala tudo o que pensa, gostem ou não. O poeta produziu poesia lírico-filosófica, sacra e satírica. Além desses três tipos, há a poesia erótica ou pornográfica. Suas sátiras atacavam o governo, a nobreza e o clero. Já a poesia lírico-filosófica e os poemas sacros discutiam temas como: a fragilidade da vida, a fugacidade do tempo, a vaidade, as contradições do amor, o pecado, a culpa e o poder divino.

Maury Swan
Enviado por Maury Swan em 19/01/2021
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