O desafio do acesso aos livros no Brasil

Em sua obra “A menina que roubava livros”, o escritor Markus Zusak retrata em um de seus célebres capítulos, a dificuldade do acesso à informação por meio de livros diante da censura atuante no contexto da Segunda Guerra Mundial e da ascensão do regime nazista. De modo análogo, a condição de obstáculo referente à leitura persiste no Brasil contemporâneo, em razão da elitização do acesso à cultura e da falta de incentivos. Sendo assim, nota-se que a problemática está vinculada a questões socioeconômicas que abrangem a necessidade de investimentos, e impacta diretamente no desenvolvimento do país.

Em primeiro plano, convém ressaltar que a produção literária foi alavancada pela invenção da imprensa, com Johannes Gutenberg, e mais recentemente, propagada pela mídia em uma escala que proporcionou a democratização do acesso às obras. Entretanto, apesar da massiva e ágil produção, a distribuição equitativa dos livros na população brasileira, não se faz presente. Conforme estatísticas do IBGE de 2010, a média de leitura anual no Brasil é de dois livros. Tal dado ocorre em consonância com o nível de escolaridade dos cidadãos, uma vez que a mentalidade de uma parcela significativa dos brasileiros afirma que a leitura é uma atividade ociosa, destinada àqueles que dispõem de tempo e bens.

Ademais, a atitude de relegar a leitura ao segundo plano, é muitas vezes motivada por interesses ideológicos de governos que caminham rumo ao totalitarismo, visto que o poder de uma população adequadamente informada e politizada, é muito alto. Nesse sentido, a precariedade de instalações e iniciativas públicas, dialoga com o índice de desenvolvimento humano no Brasil, sendo a alfabetização um de seus pontos principais. Além disso, não há dúvida de que o sucesso de uma nação se relaciona fortemente com a educação. Como já dizia a ativista Malala Yousafzai, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Desse modo, percebe-se que o acesso aos livros e sobretudo, ao conhecimento, têm efeitos práticos no meio coletivo, em curto e longo prazo.

Portanto, diante da situação nacional de empecilhos para a formação de cidadãos conscientes por conta das barreiras que restringem o acesso aos livros e de seus respectivos impactos, é imprescindível que as prefeituras, com o apoio da instância ministerial da educação, invista na criação de bibliotecas, especialmente em regiões remotas e rurais, por meio do fornecimento de verbas e da valorização de professores e profissionais públicos que atuam no âmbito da educação, com o intuito de proporcionar o acesso efetivo e o apreço precoce de crianças e adolescentes pelo mundo da leitura, garantindo que as mesmas compreendam as oportunidades que a vivência do ato de ler oferece.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 25/04/2021
Código do texto: T7240871
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.