A negação da verdade conduz à negação da vida

De acordo com Galileu Galilei, “A verdade é filha do tempo, e não da autoridade.” Tal afirmação enfatiza a ideia de propriedade acerca dos fatos que são manipuláveis em benefício próprio, por parte de um seleto grupo social. De modo análogo, persiste na sociedade brasileira contemporânea, a imparcialidade em relação à veracidade do conhecimento científico. A partir dessa problemática, observa-se que o negacionismo entre os cidadãos brasileiros, gera impactos incalculáveis e configura-se como um fenômeno indissociável das estruturas de poder.

Em primeiro plano, convém ressaltar que na área da saúde, os efeitos da desinformação são permeados por disputas políticas e pela disseminação de superstições. Um dos responsáveis por induzir boa parte do mundo a adotar uma postura nocivamente cética, foi o britânico Andrew Wakefield, o precursor do antivacinismo. Outrossim, as ondas de desinformação costumam se intensificar em meio às crises e tribulações sociais, uma vez que a atitude de ignorar os fatos é considerada cômoda. Nesse sentido, pode-se inferir que o ato de negar é uma estratégia de defesa, sendo inclusive propagado por grupos de forte identidade ideológica.

Ademais, se estabelece como efeito do negacionismo, o questionamento de ideias que já foram extintas no passado por não disporem de embasamento científico. Portanto, é nítido o retorno de doenças já erradicadas ou em situação de controle. Como exemplo, pode-se citar o alcance do surto de AIDS na África do Sul no início dos anos 2000, que segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), concentrou no continente, 20% de todos os infectados do planeta. Tais estatísticas demonstram as implicações da ignorância sobre a gravidade do problema, que podem ser verificadas de forma semelhante no Brasil, com os recentes surtos de sarampo.

Diante de uma conjuntura marcada pelo descaso com as informações comprovadas e com as verdades científicas, é imprescindível que o Governo Federal, importante aparato administrativo, em parceria com Instituições como a Fiocruz, invista no desenvolvimento científico em maior escala nas universidades, por meio da emissão de verbas para estudos, campanhas e projetos. Com a finalidade de fornecer metodologias para impedir teorias conspiratórias, bem como elucidar fatos, buscando atingir e informar as classes sociais mais vulneráveis ao negacionismo científico. Assim, por meio da consolidação do pensamento crítico, torna-se possível uma transformação positiva nos mais variados âmbitos.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 26/06/2021
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