Crença ou descrença em deus/eternidade: natureza ou criação??

Se fosse apenas a criação que influenciasse o comportamento humano, então, por que apesar de termos crescido em um lar de pais católicos moderados, o meu irmão mais velho e eu nos tornamos ateus??

Eu fiz catecismo, crisma, fui obrigado a ir à igreja quando era criança, decorei as orações mais importantes, doutrinado a acreditar na existência de deus, paraíso, purgatório e inferno, enfim, tive uma educação, digamos, cristã e, mesmo assim, acabei ''escorregando'' para o ateísmo. Como explicar??

Parece ser verdade que a maioria das pessoas tendem a seguir as crenças ideológicas dominantes dos seus círculos familiares e sociais. Mas, para que haja essa influência, também é muito importante que exista reciprocidade. Por isso que não basta estar rodeado, por exemplo, por católicos, se a sua mente não for minimamente parecida com a deles, porque deste jeito você acabará se desviando do "rebanho". O mesmo pode acontecer em um cenário oposto. Sim, eu estou sugerindo que ateus e crentes apresentam tendências psicológicas e cognitivas diferentes que contribuem para resultar em escolhas diferentes em suas vidas, primária e particularmente em relação a esse tópico, de crença ou descrença.

Eu também poderia pensar num cenário hipotético, por exemplo, se os meus pais, ao invés de católicos moderados, fossem ateus "linha dura" e eu me tornasse ateu, tal como eu estou, e aí?? A criação dada pelos meus pais seria usada como a principal explicação para o meu ateísmo??

Por isso eu tenho concluído que a maioria das pessoas se tornam variavelmente teístas não apenas por causa da doutrinação que recebem em casa e/ou nos ambientes em que transitam, mas especialmente porque já nascem com essa predisposição para a crença em metafísica. Sem falar naquelas que são criadas em lares ateus e, mesmo assim, se tornam religiosas quando adultas. Se eu mesmo sou um exemplo de inconformidade à criação que recebi em casa, por provavelmente apresentar características psicológicas (dificuldade de me conformar acriticamente à qualquer autoridade) e cognitivas (tendência ou preferência para o pensamento literal) de natureza mais intrínseca, manifestadas desde cedo, que me predispuseram ao ateísmo.