Novamente sobre uma diferença básica entre progressismo e conservadorismo

O conservadorismo é uma questão de conveniência pessoal e subjetiva que justifica o egoísmo e a indiferença. Perceba que, o conservador típico defende apenas ou especialmente os grupos aos quais se identifica, admira ou respeita, por raça/etnia, nacionalidade, classe social... consequentemente também por políticas que acredita que o favoreçam, mesmo aquelas que podem ser mais prejudiciais do que benéficas a ele, contanto que (erroneamente) as considere vantajosas para si, por exemplo, se, de classe trabalhadora, defender por medidas neoliberais de precarização do mercado de trabalho, sempre alinhado aos "valores de direita".

Já o progressismo é uma questão de precisão moral que justifica a solidariedade e a conscientização. O progressista autêntico, que está mais coerente com os valores da justiça social, aprende a defender, admirar, respeitar e/ou tolerar outros grupos além dos "seus" - não todos!! - porque o progressismo se baseia no princípio da alteridade prática, de percepção do outro, de levá-lo em consideração, até para buscar ser o mais justo possível. Ele também precisa ser autocrítico com os seus grupos de identificação primária (sexual, social, ideológica...), claro, a partir do momento em que encontra razões contundentes para isso. Como consequência, ele deve defender por políticas que não busquem favorecer apenas a si mesmo.

Por exemplo, um progressista "LGBT", idealmente, deve defender os seus direitos, mas também deve respeitar os direitos dos outros, mesmo de grupos historicamente antagônicos, como os heterossexuais, desde que não se consistam em ataques aos seus; saber dos seus deveres ou responsabilidades bem como dos outros. Estar à frente ou ser antecipativo à prática de possíveis injustiças, inclusive ou especialmente se for de sua própria autoria.

Eu falo "idealmente" porque não é o que tem acontecido, se os ativismos de esquerda têm apenas invertido a direção de tribalismos por conveniência tipicamente endossados pelo "conservadorismo", "transformando" potenciais progressistas autênticos em "conservadores atípicos", preocupados apenas com o que lhes convêm...