"Punknificação"
Viagem entediante, corpo fadigado. Sobraram os olhos. Os olhos que nunca cansam. Nunca cansarão. E, me baseando nisso, resolvi ler a Folha de São Paulo – que se encontrava disponível gratuitamente para os passageiros daquele vôo. Dita a reportagem de capa: “Jovem é espancado em novo ataque de punks”. Agora um bando de fascistas escondidos em baixo de roupas pretas e cabelos despenteados são punks? Agora um movimento punk representa um bando de delinqüentes revoltados?
Partimos então para a história. O movimento punk, pra quem não sabe – e com certeza essa gente não sabe -, é um movimento com princípios anarquistas, um movimento apolítico, que visa à luta por uma sociedade livre de ordens e divisões hierárquicas. Não defendo o anarquismo, não mesmo. Acho que um país sem leis equivale a um carro sem motorista. Mas defendo sim o movimento punk. Não os seus princípios, e sim a liberdade de expressão que conquistamos ao longo da história.
Saibamos diferenciar as coisas meus amigos. Um bando de adolescentes revoltados que espancam e matam pessoas sem motivo algum não pode ser considerado um movimento punk. A palavra que melhor caracteriza esse bando seria “gangue”, mas essa palavra é muito mal usada pelo povo brasileiro, então tomo a liberdade de chamá-los de bandidos. Punk é cidadão, lugar de cidadão é na sociedade. Lugar de bandido é na cadeia.