TEMPUS FUGIT

Ele continua vivo em minha memória, porém, suas feições se perderam no labirinto do tempo. Lembro-me dele amparado por um par de muletas, caminhando firme rumo ao seu Botequim.

Era um pequeno Botequim. Modesto, mas aconchegante. Copos limpinhos. Garrafas de pinga e litros de Conhaque São João da Barra nas prateleiras.

Naquele tempo as geladeiras eram escassas em São João da Chapada. As bebidas eram frias por causa do próprio clima do lugar. Clima frio, gelado!

Me lembro de sua esposa, Dona Chiquinha. Cabelos branquinhos como neve.

- Como estará, hoje, a sua prole?

Alguns estão guardados em minha memória: seu João, Zeca, Dona Tiana, Dona Zarinha, Dona Figênia, Dona Rosa, Dona Dina...

Se for falar de cada uma dessas famílias, dará um livro com muitas páginas.

Vou me ater a alguns filhos e netos.

Seu João de Chiquinha, pai de muitos filhos e filhas, incluindo Célio que é mais ou menos da minha idade. Sua filha Maria do Carmo foi minha colega de escola, desde o primeiro ao quarto ano primário. Ainda hoje, eu a vejo lendo, em voz alta, para toda classe, a estória: “A Onça e o Bode”.

Seu Zeca mudou-se com a família. São Paulo ou Belo Horizonte? Me lembro do seu filho Alcides.

Dona Tiana, Senhora Tonico Moisés, mãe de Zequinha. Zequinha, Zé da Batina e eu éramos muito amigos. Nos dias de festas estávamos sempre juntos, tomando nossa cachacinha.

Ainda relembrando Dona Tiana, na sua casa, lá na Rua de Cima, tinha um forno a lenha de onde saíam as melhores “rosquinhas” e o melhor “biscoito de goma” de São João da Chapada.

Além de muito religiosa, Dona Tiana puxava as rezas e cantava o Ofício de Nossa Senhora, na capela do Bonfim.

Dona Figênia, Senhora de Suzana, mãe de Pedrão, Geraldo e outros filhos e filhas.

De vez em quando, abro as páginas turísticas da região e me deparo com um bar denominado: “Bar de Geraldo Suzana”. Ah! Meu Deus! Dá vontade de sair voando e aterrissar ali; tomar uma cachaça e comer aquele tira-gosto que só o mineiro sabe fazer!

Dona Rosa mudou-se com o marido, o Senhor Jaime de Maria Clara, para Belo Horizonte. A pouco, tive notícias que seus filhos estão bem.

A Senhora Manoel de Inês, Dona Dina, é a mãe de um dos melhores homens que conheço. Né. Simplesmente Né de Dina. Há muito tempo, Deus habita o coração desse homem singular!

Agora vamos falar da mãe dos artistas, a Senhora Zequinha Leite. Dona Zarinha ficou viúva muito cedo. Coube-lhe a tarefa de continuar a educação dos filhos, que não eram poucos.

Dona Zarinha teve trabalho. Mãe das moreninhas mais bonitas do meu São João. A rapaziada morria de “candinha” com suas filhas. Era preciso manter os olhos abertos!

O Coral da Igreja contou com as presenças de: Zetinha, Francisca, Côte e Zeca. De vez em quando, ainda tínhamos o Tiãozinho no acordeom. Era bonito de ver!

Essa é a família do Senhor Jacinto Dario, o homem do botequim modesto e aconchegante. Lá era servida a melhor garapa do mundo. Seu Jacinto foi-se embora e levou a receita com ele!

JUCA VIEIRA

01/07/2021

IMPERATRIZ MA

Juca Vieira
Enviado por Juca Vieira em 05/08/2023
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