As duas faces da Gaivota

Voa gaivota, voa sem parar. Viaja para algum lugar, eu hei de te encontrar. Voa em paz, na direção do infinito, lindo e belo e jamais explorado. Não deixe que o tempo passe e apague nossos raros momentos e nos desvie do caminho. Porém, se preciso for, ordene que o tempo pare no instante em que nossos corações se encontrem e nos guarde eternamente, para que nunca mais nos separe novamente.

Voa gaivota, voa na velocidade da minha saudade, que em minha face se esconde e de onde se vê toda verdade do puro amor compartilhado com tanto esplendor. Ah, quem dera que todo esse sentimento não abarcasse tamanha dor! Que fizesse de um momento, a realidade que sonhei, não querendo acordar nunca mais.

Gaivota que voa sobre o meu mundo, guarda segredos sentidos em duas faces, que em forma de oceano, fez surgir o pranto que derramei quando partiu. Nossas almas sentidas como asas feridas, divididas sem forças para alçar vôo, vivem mergulhadas entre dois lados: o físico e o invisível.

Sinto que mesmo tão distante, Gaivota está tão presente em minha caminhada, que não é mais sofrida, por que se ampara nas esperanças de nosso reencontro. Até lá, vivo perambulando sobre a superfície me alimentando de sonhos e ilusões e anotando tudo para lhe contar, como nos velhos tempos e a gente voltar a sorrir de felicidade.

Felicidade que, temporariamente, me abandonou como se o meu EU nada significasse. Gaivota querida, voa para toda vida, feliz, como eu sempre quis, semeando harmonia e alegria, e protegendo em suas asas nossos anjinhos que são a razão de um futuro incerto. Gaivota, que um dia reinou como sol e não mais deixou de brilhar.

Quem dera, pudesse parar o tempo agora e habitar as lembranças de outrora que trazem de volta a alegria, a vontade de viver, o sorriso maroto e a molecagem da infância? Quem dera a minha vida se transformasse em magia e pudesse transportar o meu corpo para onde está, nem que fosse para matar saudade e nunca mais te deixar partir! Como se a flanela mágica fosse nossa moradia. Me sinto perdido numa imensidão que não tem fim, ilusões que fazem sangrar minha alma, que sempre sofrida e desprotegida das ambições, quase se entrega ao martírio da dor. Dor que não dá trégua.

Eu não quero nem imaginar ou até pensar em viver sem ti. Quando o meu tempo alcança o seu tempo, sinto alívio, frescor borbulhante em minha pele. Paradoxalmente, pele que sente esse mundo caindo sobre mim, como fosse um sonho. Saudade, paulatinamente, me corrói, me leva para lugar nenhum e o meu coração se desfaz lentamente. Ah! Alma bendita, aflita desabita vagarosamente, voa livremente, para bem distante, para não me ver agonizando na melancolia.

Eu vivo há cronometrar o tempo e a multiplicar minhas esperanças que na inocência de criança, acreditou que esse dia nunca chegaria. Como pude ser tão tolo e viajar nos contos de fada e deixar partir a estrela que quase não pude contemplar?

Hoje, vejo que nada mais posso fazer, senão esperar um novo dia chegar ou talvez um novo reencontro. Eu prefiro continuar a pensar que tudo isso não passa de um pesadelo e sonhando, posso sentir que você nunca me deixou.

Velhos tempos esse, querida Gaivota, dividimos segredos, sonhos, amor, dor, fé, fantasias e planos de uma vida nova em algum lugar desse universo espiritual. Voa em paz Gaivota, voa sem parar, até o dia que hei de te reencontrar!

Edimilson Eufrásio
Enviado por Edimilson Eufrásio em 02/01/2008
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