“De um povo heróico o brado retumbante”

A paixão de alguém pela profissão que exerce é uma das coisas bonitas de se ver. Tales Alvarenga, jornalista falecido em 2006, foi um desses apaixonados, consciente da realidade. Nem mesmo quando estava prestes a morrer deixou seu compromisso de lado, editando sua última coluna do CTI de um hospital. Ele precisava dizer aquelas últimas palavras.

“A América Latina só terá uma oportunidade de sair da maré do atraso se abandonar a retórica obsoleta de seus líderes retrógrados”. Tales, ao publicar essa frase, apresenta a idéia e o desejo de mudança social, não apenas para o Brasil, mas também para seus vizinhos das fronteiras. Transparece a reprovação dada aos governos populistas que, do ponto de vista dele, trabalhavam de maneira dispendiosa e inútil.

"Para ter uma oportunidade de desenvolvimento, precisaríamos, através da democracia, mudar as políticas de governo vigentes". Então aqui o jornalista, como formador de opinião, apresentou seus argumentos para justificar essa visão dos governos latino-americanos, com referência nos presidentes Lula, Hugo Chávez e principalmente Evo Morales.

O intrigante, na última opinião expressa por Tales Alvarenga, é a forma irônica que comparou os governos venezuelano e brasileiro. Mais que uma lição de jornalismo, é uma lição de conhecimento e lucidez no meio da marcha cega que parece seguir grande parte da população da América Latina, eleitora de governos socialistas utópicos.

Acredito que, se Alvarenga estivesse vivo, seu coração talvez não resistisse aos escândalos dos políticos corruptos atuais e às conseqüências desastrosas da administração nacional. Porém, se, como nós, sobrevivesse agonizantemente, escreveria seus artigos e assim nos ajudaria a entender o que acontece com a moral deste país.

Emanuelle Querino

Tubarão, 31 de agosto de 2007.

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

Curso de Comunicação Social – Jornalismo

Disciplina: Língua Portuguesa II

Professora: Márcia Meurer