Homo Sapiens Artificium

Ultimamente tenho me sentido meio alienígena. Não, eu não estou ficando verde, nem liberando luz pelos olhos e fossas nazais.

O que quero dizer é que me encaixo cada vez menos no mundo humano, entendendo e aceitando menos os princípios que foram passados para mim antes mesmo que eu fosse capaz de pensar. Tornou-se bizarro acreditar em todas as verdades dos homens.

Sabe essa necessidade de assumir as responsabilidades que alguem decidiu que devemos assumir!??!

Pois é, ela me deixa meio nauzeado, essa mania de ter que pensar no futuro, fazer tudo em prol do futuro, trabalhar para ter um bom futuro, estudar para ter um bom trabalho no futuro, ter um bom trabalho para garantir o futuro dos seus possíveis filhos.

Ah! É uma visão de mundo tão idiota, tão ridícula, não se tem mais vontade de nada, tudo tem um motivo psicológico, uma premissa que justifica algo que explica o que devemos, e como devemos fazer.

Bem, no fundo o mundo dos homens está cada vez mais artifícial, não apenas devido ao uso de artifícios para escurecer ou iluminar excessivamente algo. Me refiro ao artifício químico também, mas a abordagem vale muito mais para as relações humanas. É tudo muito plastificado, como a cara de uma pessoa, que quando muito esticada para tirar as rugas, acaba por perder os traços, as definições, a expressão, a sua qualidade humana e passa a lembrar a cara de uma boneca barbie, deve ser por isso que se fala em sirurgia plástica.

Ainda à plastificação das relações humanas vale acrescentar o caráter maleável do plástico, ou seria no caso das relações manipulável, de acordo com os interesses pessoais.

Depois de concluir que o homem está se tornando um ser de plástico me sinto agora menos alienígena, no entando ainda não me vejo como um humano típico, talvez eu pertença a uma espécie inferior, incapaz de entender o homem de plástico.