A ODISSÉIA DE UMA COMPRA

-------Mensagem original-------

De: Mauro Bonzegno

A ODISSÉIA DE UMA COMPRA.

Podes crer, virtuoso leitor, o que relatarei a seguir, é a mais imaculada verdade:

Numa tarde chuvosa que causara alguns transtornos, como por exemplo o defeito no limpador do pára - brisa, que por pouco não causou um acidente, dirigi-me a um hipermercado de uma cidade vizinha. Completada como sempre, a extensa lista de ítens da patroa, vou ao caixa mais próximo, com o carrinho repleto. Após somados os valores da compra, para minha surpresa, procuro meu cartão de crédito e não o acho. O talão de cheques não tinha nenhuma folha. O que fazer ? Foi a pergunta que fiz à caixa que me atendia, ou pretendia me atender. A resposta foi curta e grossa. Deixar a mercadoria onde estava, que um funcionário a devolveria aos devidos lugares. Fiquei evidentemente aborrecido e pensando numa solução que parecia impossível. Após uns dez minutos, não encontrando saída, dirijo-me ao carro e eis que aparece repentinamente a solução ! Alfredo, meu amigo de infância, descia do seu. Fui ao seu encontro e, depois do cumprimento e o abraço fraternal, solicitei-lhe uma ajuda que, de pronto foi atendida. Emprestaria um cheque seu e na nossa cidade, reporia para ele. Fomos rapidamente ao caixa, mas o funcionário já havia devolvido as mercadorias às gôndolas. Com a lista rasgada e jogada no lixo, tentei pacientemente efetuar nova compra. Alfredo se despediu, pois foi apenas ver o preço de uma TV para cotação. Agradeci e então enfrento enorme fila no caixa. Aí começa meu drama. A bexiga estava mais esticada do que couro de cuíca, de tão cheia.. Olho para a fila e parece que não anda. Houve um problema com o cartão de uma freguesa e foi solicitada a presença de um funcionário superior. Quase dez minutos de tortura ! Mas isso só com essa freguesa ! E a fila era mais lenta que a justiça brasileira. Lembrei-me do judiciário, dos políticos, mensalão, um veradeiro pesadelo ! Nada da fila andar. Parecia fila de abastados. Todos os carrinhos lotados ! Se saio desta, a coisa fica pior. Percebia-se que as outras também eram extensas. E a bexiga, Nossa Senhora ! Parecia que algum sacana a apertava para me judiar. Que sensação horrível ! Não houve outra saída : deixei sair um pouquinho do líquido quente. Cortar de repente seu fluxo, era como tirar um bife da boca de um faminto. Coisa horrorosa ! Mas tive que fazê-lo. Pior ainda, era sentir a coisa morna descer pelas pernas. E ouvir a pergunta inocente da criancinha que me olhava : Cê mijô na carça, tio ? Sorri-lhe com vontade de...bem deixa pra lá ! E a fila não andava e a vontade apertava, não podia soltar mais. O chão ia virar um Rio. Seria um escândalo ! O suor descia testa abaixo, sentia arrepios e já se iniciava um processo de traumas a filas. Finalmente,( não contei os longos minutos ), chegou a minha vez.

Conforme ia passando as mercadorias, um funcionário as colocava em sacolas. Apanhei as seis sacolas lotadas, corri para o WC. A pressa era tanta que, bati a mais pesada na porta, quando as alças se romperam. Tudo esparramado no chão ! Eu não acreditava !. Já fui andando com as pernas fechadas, com medo de outro fiasco e ainda a sacola se arrebenta ! Pra catar a mercadoria agachando-me foi um suplício. A solidariedade não existe nessas horas. Não havia um filho de Deus ( pra não dizer outra coisa ) para me oferecer ajuda. Na primeira abaixada de joelhos, outra esguichada ! Dessa vez a coisa foi feia. A calça ficou ensopada. Ninguém ajudava, mas alguns transeuntes olhavam com caras de cínicos e soltavam uma risadinha marota. Fiquei com vontade de sair correndo, gritar, mandar todos à PQP ! A urina solta, parecia ser automaticamente reposta, pois o recipiente continuava cheio. Ah...agora entro na porra dessa privada ! Brincadeira ! todas ocupadas! Os mitórios também. Mas sentia vontade de fazer sentado. Precisava relaxar. Sai um FDP fechando o zíper com a calma de Jó. Esbarro nele e Vapt ! Caem duas sacolas no chão. Foda-se ! Entrei sem elas. Não preciso nem falar, sentar de que jeito ? Era urina pra todo lado. Banheiro público ,você conhece. Mas eu forro com papel higiênico e pronto ! Mas que papel higiênico, nada ! Preciso pendurar as outras quatro sacolas. Pendurar aonde ? Nada de gancho ! Colocar no chão inundado, seria horrível. Vai assim mesmo. Fecho a porta e solto a enxurrada. Fechar como ? Cadê o trinco ? Então vou de cócoras, como parto russo e ainda com as sacolas na mão. Acho que foi pior que um parto. Agora sim, solto o líquido. Cada caneca que saia, a dor de cabeça se aliviava e a bexiga se encolhia. A pressão era tamanha, que a uretra ardia como se tivesse uma gonorréia. A merda que entupia o vaso espirrava na minha bunda. A solução foi limpar, mais ou menos, com meu pequeno lenço, o que me deixou cheirando a chiqueiro. Paro um momento de pensar no suicídio que me ocorrera um pouco antes. Olho para a porta entreaberta e leio lindas frases : " Lá fora você é valente, aqui você é um cagão ". Outra : " Incontro com você aqui as oito horas para um pograminha legal - sou compreta ". " Ligue para mim, fofinho, sou toda sua ". ( Português perfeito ! )

Depois dessas frases filosóficas, resolvo sair, molhado, fedido, fodido e... Cadê as duas sacolas ? Você sabe a resposta. Aqui é Brasil, não Suíça. Levo o que sobrou e digo a verdade pra mulher. Fazer o quê ! Agora vou depressa pro carro, tomo um banho daqueles e dou uma deitada. Eu mereço ! Mereço sim, mais desgraça ! Levaram meu carro ! Socorro ! Socorro ! Socorro !

Auro