Rótulo: um vício equivocado

Sabe, eu sou muito dedicada aos estudos e, por isso, rotulada de "crânio" (quem entende de tudo), "cê-dê-éfe" (quem só estuda), "caxias" (pessoa exigente consigo mesma), "careta" (quem não acompanha as atividades do grupo de amigos). Dessa forma, quando tiro uma nota baixa, ou, até mesmo, quando resolvo participar de algumas atividades de lazer com os amigos, eles ficam surpresos, demonstrando que essa atitude não estava previsa nas idéias pré-conceituadas de comportamento que eles estabeleceram para mim em suas mentes.

Tais conceitos nao são justificados, pois partem de juízos pessoais que não são baseados em fundamentações objetivas. Por isso, podem acabar produzindo efeitos negativos, tanto para os "estigmatizadores", quanto para os "estigmatizados".

Quando os amigos discriminam uma pessoa estudiosa em atividades esportivas, por exemplo, estão desconsiderando suas aptidões nessa área e, talvez, dispensando um jogador qualificado. Do mesmo modo, quando deixam de convidá-lo para suas programações de lazer, podem estar perdendo uma companhia agradável, e a pessoa, uma oportunidade de se divertir junto com amigos.

O vício de estigmatizar as pessoas, a partir de certo comportamento delas, reflete-se em injustiças, prejuízos, supresas e desagrados para ambas as partes, pois ninguém é obrigado a agir sempre do mesmo modo apenas para contentar uma minoria. Pessoas que "rotulam" outras freqüentemente não dão a devida importância a esse fato e, não raro, criam conceitos completamente equivocados a respeito desses outros.

Por tudo isso, os rótulos, ou "pré-conceitos" são, na maioria das vezes, infundados e, em geral, causam surpresas desagradáveis a quem os aplica e a quem sofre com eles. O uso de juízos pré-definidos acerca do comportamento de outrem é um vício a ser combatido, pois é fundamental respeitar as individualidades para a harmonia e o entendimento de todo um grupo social.

12.05.1997