Denuncias©

Por:- Elizabeth Misciasci

A forte chuva batendo no rosto.

Nos braços, documentos e incertezas;

fragilidades visíveis na face,

notório delinear do meu desgosto...

Já não importava o caminho,

cansável distância feito êxodo partir.

Confrangendo um sentir puro

não mais me impedia seguir.

Sem questionar o futuro

os passos perdiam a firmeza,

passado vivido distante...

Cabisbaixa, triste andante.

A chuva que era ínfimos pingos

inesperadamente aumentando,

incauta, molhava os cabelos,

misturando-se ao meu pranto.

Na hora da vez, fez-se a vez da hora.

-Retroceder não poderia!

Levada por um vazio,

caminhei como em outrora.

Perdida no espaço e no tempo...

Escalada íngreme!

Onde o minuto rival, competia

e o vento da chuva que compelia,

ao bater... -Também doía.

Mas o dever do cumprir abordou-me!

Devorando pensamentos,

visível fez-se a realidade.

Mesclando papéis sob as águas,

mentiras, verdades, sentimentos.

O certo não era a tardia...

Mesmo na difícil trajetória.

Refrear é covardia!

-Quem contará esta história?

Já a chuva, torrencial se fazia!

Roupas, corpo, cabelos e rosto,

inundados me tomavam...

Num resvalar que me cobria.

Poderoso "Poder" permitiu o proposto,

postei pasta e documentos!

-A chuva já cessava as gotas repentinas.

Olhei o céu, lastimei meus lamentos

perdida no vário das minhas retinas

Molhei e sequei-

- entre o sol e o vento.

Morri e vivi em cada passo,

a toda hora, a todo o momento!

Da chuva, do pranto, do andar sem saída,

Refleti, relembrei as feições...

Cada rosto!

A ternura, a doçura, as 'profusas injurias',

revivi aconchegos, sonhos, perfídias.

No lampejo, entendi ao final das rasuras.

Os papéis em meus braços, caminhada sofrida...

O Desvelo das marcas sob insanas torturas,

é rotina perversa, em cada pele ferida.

Valendo-me de um tempo,

onde se busca o que se espera

tomo a frente! "Dando a cara",

escondo o medo e enfrento a fera.

Persistente!... -Vou buscando uma saída

entre cantos e gemidos sem alento...

Volto o tempo dispersado em pensamento,

relembro o feito e o desalento.

Insistente mordo os lábios resistente

recobrando o sentido do Sentido

pois das mãos o que eu postara

eram denuncias!

Não papéis com histórias redigidas,

Me fazendo ao portar dificuldades

Posfácio de vidas tão sofridas...

Suplicando futuros e liberdades.

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