A Tristeza

Tristeza é erva danada

que ao coração embaraça.

Maula que ao olhar embaça

por tudo ou então por nada.

É pontiaguda, afiada,

quadrada, esdrúxula, fria,

nostálgica e sem poesia,

mui traiçoeira e pouco amiga.

Tristeza é uma formiga

sendo açúcar, alegria.

Tristeza é mão carrasca.

É um grilhão invisível,

farto e sempre disponível.

Rói a alma e ao corpo masca.

Tristeza é imensa rasca

que a estima de arrasto leva,

é desgranida que ceva

sua força no sofrimento.

Tristeza é envolvimento

de bom com gente maleva.

Tristeza é o descompasso

entre a mente e o coração

é camuflada prisão,

silêncio em fogo, é aço.

Tristeza é o estilhaço

de uma palavra perdida

cujo alvo é a ferida

que sangra e não cicatriza.

É inço que enraiza

no solo fértil da vida.

Tristeza esquece da lua

vira o foco para o solo,

mãos na testa pedem colo,

a lágrima cala a pua.

Os pés se ausentam da rua,

os olhos fitam o escuro.

O porto fica inseguro

e o vôo perde a razão.

Por entre os dedos da mão

escorrem sonho e futuro.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 09/04/2011
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