Arriera

Quem inventou a fronteira,

os governos e as nações

deconhecia as noções

da alma buena e arriera

tão parecida a llanera

que ao seu trote compassa

com peruana qorilaza,

bem pilchada e bem montada,

é poesia improvisada

qual a gaúcha e a huasa.

A cawboy que se afina

com a gaucha e com a charra

igual Violeta Parra

cantando na Argentina,

ou talvez Carlos Molina

andejando pela Europa.

É poesia que galopa

com essência de raiz

para chegar a Paris

e ensinar fazer tropa.

A mudéjar e a vaqueira

duas almas sofredoras,

porém duas cantadoras:

guitarreira e violeira.

A segunda e a primeira

sabem que água não brota

em qualquer canto da grota

e a seca segue mais viva,

mas sonham ver Patativa

improvisar com Candiota.

Ver Caetano em bueno tom,

soltando versos de luz,

com Salgado ou Santa Cruz,

com guitarra ou guitarron,

com violão ou socabon,

em melodia campeira,

é saber que a cordilheira

Machu Picchu e as missões

clareiam novas noções

a quem inventou fronteira.

(Extraído do livro Pajador do Brasil- Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 12/04/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T2904702