Canto de Adeus ao Pajador

Uma interna explosão

a triste notícia causa,

que Deus pôs eterna pausa

na vida de um meu irmão.

Aperta-me o coração

e alma fica espremida.

A ele, rogo em seguida

- nesse verso de improviso -

que ele encontre o paraíso

e uma eterna nova vida.

Há percalços no caminho

nessa andança terrena.

Diz que a vida é serena

quando a gente deixa o ninho.

Só fica no pergaminho

a mensagem quando escrita,

no entanto, me palpita

pergunta inusitada:

quantos versos de pajada

cabem na vida infinita?

Quem vai, encontra uma luz.

Quem fica a lágrima engole.

Não há nada que console

o que sua falta produz.

Quem se desprega da cruz.

passa ter a alma leve,

porém, antes que se eleve

sobre os que ficam pregados,

em versos improvisados,

responde então, até breve.

Existe só uma certeza

na vida que é a morte.

Nada vale a lei do forte.

Nada importa avareza.

de nada adianta riqueza

de proporção material,

se no pago Celestial

não se precisa de nada

e a alma se torna alada

por riqueza espiritual.

(Gravado no CD Tributo a Jayme Caetano Braun e publicado no livro Pajador do Brasil - Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)