SAUDADE

Não queria amar mais.

Fechei o meu coração.

De tanta desilusão

não mais quero amar demais.

Amar, só aos meus iguais

porque prezo igualdade.

Compreendi a verdade

e aprendi com a dor:

quem tem mestrado no amor

é doutorado em saudade.

Guardei beijos e abraços.

Desencontrei os olhares,

Ausentei-me dos lugares.

Destrancei todos os laços.

Mudei o rumo dos passos

para buscar liberdade.

Privei minha intimidade.

Deixei de ser sonhador:

quem tem mestrado no amor

é doutorado em saudade.

Parei de olhar pra lua.

Não vislumbro seu prateado;

ao olhar enamorado

seu encanto atenua.

Porém a verdade crua

rejeita cumplicidade.

Crê que na calamidade

vale mais um construtor:

quem tem mestrado no amor

é doutorado em saudade.

Mas tenho um peito de fole

e o amor é como sabre:

rasga o fole que se abre

e rouba o coração mole.

Por mais e mais que me isole,

esbarro noutra metade:

Minha atual felicidade

é bico de beija-flor:

quem tem mestrado no amor

é doutorado em saudade.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 22/05/2011
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