D'OUTRO LADO DO RIO

Lá d'outro lado do rio,
onde sequer estivemos,
existe um tipo de frio,
daqueles que nós perdemos.

É quando se paralisa
no tempo, a nossa noção...
Nenhum grito e nada avisa,
só o amor do coração.

Olhamos p'ra luz de cima,
Agora e na hora da morte,
que nossa mãe em doce rima
cure o invisível corte.

Dê-nos certeza da fé,
pela costura com luz,
na força de cada pé,
nesta via que conduz.

É grande enchente de treva
Mas o meu Senhor, o meu Deus,
que a tudo ergue e então eleva
cuidará sempre dos seus.

Apenas uma passagem
na via sem fim de Cristo,
sabedoria, a bagagem,
e agradecer o benquisto.

Lá d'outro lado do rio,
onde sequer estivemos,
a verdade baniu o frio,
pois sempre, sempre, os teremos.