Adeus, vou pra não voltar e onde quer que eu vá, sei que vou sozinho...
Torquato neto

Pra dizer adeus

O grande Torquato Neto,
filho do meu Piauí,
de Salomé e Heli,
por quem nutri grande afeto,
junto ao Grande Arquiteto,
nosso Pai celestial,
toca no céu tropical,
com Cartola, Tom Jobim...
e um anjo querubim,
num conjunto musical.

Poeta sensacional,
letrista tropicalista,
que jamais perdeu de vista,
a sua terra natal,
compôs Geleia Geral
e Marginália, com Gil.
Viveu fora do Brasil
(no regime militar),
pois não podia sonhar
sem permissão do fuzil.

De volta pra mãe gentil,
pôs a letra em Louvação,
já sentindo a depressão,
apesar do céu anil.
E nem mesmo era abril,
quando o mundo abre em flor.
Torquato fechou-se em dor,
trancou-se, abriu o gás...
e a morte, um pouco atrás,
veio ajudá-lo a compor.

Já não viu o sol se pôr,
nem a cor da poesia.
Nem sentiu, no outro dia,
da vida, um só sabor.
Não suportou o andor
dos santos que foram seus.
Não maldisse os filisteus
ao final da porcissão,
nem conseguiu dizer não,
mesmo "pra dizer adeus".

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/06/2021
Reeditado em 10/04/2022
Código do texto: T7290014
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