Conforme Dalai Lama

Entre os muitos e-mails com mensagens que circulam pela internet de mão em mão, alguns merecem destaque pela seriedade e pelo valor universal que carregam. Boa parte deles é atribuída a autores desconhecidos; uma outra parcela tem a assinatura – nem sempre verdadeira – de autores já bastante conhecidos do grande público. De um jeito ou de outro os textos valem pela oportunidade de reflexão em meio ao cotidiano apressado em que as pessoas têm vivido.

Um dos que me chegaram às mãos há algum tempo é atribuído ao monge budista Tenzin Gyatso – o 14o Dalai Lama e um dos mais respeitados líderes e mentores do povo do Tibet de todos os tempos. Na mensagem, logo abaixo da foto do religioso e Prêmio Nobel da Paz, a seguinte pergunta: “O que te surpreende na humanidade?” Em seguida, a sua resposta: “os homens, porque perdem a saúde para juntar dinheiro; depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma, que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido.”

Na tentativa de comprovar a veracidade da autoria fiz uma rápida pesquisa em vários sites. Cheguei a encontrar a mesma resposta atribuída a Buda, embora o Dalai Lama apareça realmente como seu autor na maioria esmagadora. Na busca tive a felicidade de encontrar a versão em português para o site do monge tibetano mais famoso (www.dalailama.org.br). Aí podem ser encontrados não apenas a sua biografia e livros publicados, mas também ensinamentos e mensagens, além de notícias e de sua agenda no mundo todo.

Dá para perceber nitidamente o quanto suas reflexões e posicionamentos são coerentes com a sua trajetória espiritual e política, amplamente registradas e divulgadas desde a década de 1950. Numa de suas frases, ele diz que “a responsabilidade é a chave para a sobrevivência do humano, e é a melhor garantia para implementar os valores universais e a paz”.

Trata-se de algo simples e, ao mesmo tempo, preciso. Responsabilidade nesse sentido é um conceito muitíssimo mais profundo do que nós, ocidentais, costumamos usar. O Dalai Lama chama de responsável aquele que cuida não apenas de suas próprias obrigações e tarefas, mas o que se propõe a cuidar do outro como uma extensão de si mesmo.

Especificamente sobre isso ele escreveu: “a humanidade é uma só, e este pequeno planeta é nossa única casa. Se temos de proteger esta casa cada um de nós precisa experienciar um sentimento vivo de altruísmo universal. Nosso planeta foi abençoado com vastos tesouros naturais. Se os usarmos adequadamente todo ser humano poderá usufruir de uma vida rica e de bem-estar”.

As palavras têm um poder absoluto se devidamente interiorizadas e transformadas em sentimentos e ações. Por isso sempre vale muito exercitarmos as reflexões sobre o que nos deixaram algumas mentes brilhantes que passaram pela Terra, como Jesus Cristo e Buda. Entre elas está o ensinamento de que as melhores conquistas que um ser humano pode almejar rumo à verdadeira felicidade vêm de atitudes simples, como amar, promover a paz e ajudar o outro.

Fica aqui registrado a minha homenagem e o meu profundo respeito a esse humilde monge de um país distante, exilado de sua terra por truculência e cobiça da China, e que dedica a sua existência a praticar e a divulgar o Bem. Encerro, então, este texto com outra mensagem oportuna do Dalai Lama: “rancor, ódio, ciúme: não é possível encontrar a paz com eles. Podemos resolver muitos de nossos problemas por meio da compaixão e do amor. Só assim nos desarmaremos e encontraremos a verdadeira felicidade. Uma das maiores virtudes é a compaixão. A compaixão não pode ser comprada numa loja de departamentos ou fabricada por máquinas. Ela advém do crescimento interior. Sem paz de espírito é impossível haver paz no mundo”.

Roberto Darte
Enviado por Roberto Darte em 27/06/2008
Código do texto: T1054072