SUPER NANNY

Não é incrível como os pais do século XXI encontram dificuldades para educar seus filhos? Ok, ainda não sou mãe, por essa razão, devo abster-me em tecer comentários, certo? Errado! Com a autoridade que minha profissão me permite exercer (Professora-Educadora), posso ainda não ter gerado meus próprios filhos, mas ocupo-me em educar os filhos alheios todos os dias.

Quem nunca assistiu incrédulo ao programa do SBT, com o mesmo nome que dá título a esse texto, que atire a primeira pedra! Pais, que não sabem mais o que fazer com seus filhos mal-educados, recorrem a uma espécie de babá (para crianças ou adultos?) para intervir na educação de seus próprios filhos. Cris Poli, Educadora argentina radicada no Brasil, é quem interpreta a personagem cuja presença funciona como um bálsamo tanto para os pais quanto para os filhos. Os casos em que é chamada a resolver, quase sempre são de naturezas semelhantes: filhos que teimam, desafiam e que querem mandar nos pais. Mas de onde vem esse perfil das crianças de hoje em dia? De quem é a culpa? Por que agem dessa maneira? Em busca dessas e de outras respostas é que muitos professores, pais, psicólogos, especialistas e outras pessoas envolvidas em Educação buscam em cursos, seminários, leituras de livros e por outros caminhos alguma solução para resolver o problema.

Não é só a TV, a internet e o fácil acesso aos mais diversos canais de comunicação os grandes vilões. Nem mesmo as crianças, os pais, professores e o sistema educacional. É uma soma de tudo isso e mais um pouco. A Lei, que deveria funcionar como defesa para as crianças que são vítimas de extrema violência, muitas vezes são mal interpretadas e abrem precedentes para fortalecer as posturas inadequadas de crianças e adolescentes. Dizer que um pai ou uma mãe não podem, quando julgarem necessário, dar umas palmadas nos filhos é dar margem para que seus filhos cresçam achando que têm mais direitos do que deveres. Quando vejo os pais transferirem às escolas um papel que lhes confere, fico extremamente revoltada, pois só não pus filhos no mundo por julgar ainda não ter condições de oferecer a uma criança toda a estrutura necessária para que cresça em um ambiente propício ao seu desenvolvimento. Filhos são dádivas divinas, e não vaidade dos pais ou propriedade dos mesmos. Muito menos “acidente de percurso”. Trazer uma vida à tona implica em responsabilidades que não podem ser transferidas a outras pessoas. As escolas devem complementar a educação das crianças, e não ser responsabilizada integralmente por essa tarefa.

Quando vejo a figura sisuda e rígida da Super Nanny, além da sobriedade de suas roupas e postura austera, penso que seu figurino por si só já impõe respeito, por mais que se diga por aí que o hábito não faz o monge. A proposta da Educadora é de disciplinar os filhos através da sistemática de regras familiares. Quase sempre o que se vê são pais despreparados, que são de fato aqueles que precisam ser disciplinados. E a mudança começa por eles, apesar de o cantinho da disciplina ser reservado aos pequenos. Crianças e pais que não conhecem limites e que precisam da intervenção de outra pessoa para aprenderem a conviver em seu próprio núcleo familiar! Não gera perplexidade saber que é necessária a presença de estranhos, ou seja, de alguém que desconhece a rotina de uma família para pôr, literalmente, “ordem na casa”?

Acho que quando todos passarem a se envolver, respeitar as delimitações no cumprimento de seus papéis e não delegarem a outros a responsabilidade que de fato lhes pertença, aí sim estaremos contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária para todos, pois a criança de hoje é o adulto, o pai, a mãe e o profissional de amanhã.

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 16/05/2009
Reeditado em 16/05/2009
Código do texto: T1598158
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