MARIQUINHA - 8a. PARTE

8ª. PARTE

O PRESENTE PARA MARIQUINHA

Chegando a casa, o sol já começara a pincelar o píncaro dos montes, ainda no terreiro fui chamando os vira-latas: vem Tufão! Vem Certeza! Vamos caçar uma linda lebre do mato. A minha parelha de cachorrinhos queridos correu ao meu encontro, balouçando os rabinhos, satisfeitos. Foi só apanhar a espingarda, a patrona, a trela, atrelar os meus bichinhos e me mandar para o mato. Fomos ao “varjão das cabras”, onde havia muita lebre pastando por ali. Era hora de as caças andarem a procura de comida. Tufão já farejava e a Certeza esganiçava louquinha para levantar a caça. Abri a trela e soltei os dois. Embarafustam-se pelo capinzal do varjão. Davam rastros daqui, dali e levantaram a lebre do mato, sem muito trabalho. Começa a corrida. Os dois encartam na mesma lebre que não terá como escapar. Aguardei no carreiro mestre e o bicho chegou, fungando, espirrando, latindo, batendo com as patas traseiras no chão. Era uma gigante lebre azulada, de olhos brilhantes como duas brasas de madeira dura. Parou, cansada, no carreiro perto de mim. Mirei bem na testa entre os dois olhos. A cartucheira roncou forte, cuspiu fogo e a saraivada de chumbo foi buscar o presente que Mariquinha tanto queria. O amor é capaz de tudo, o amor faz tudo, o amor é tudo. O tiro acertou com precisão onde eu tinha mirado. Chumbada três tês, não deu tempo de o bicho saber o que tinha acontecido. Caiu ali mesmo quase a meus pés. Era grande, lisa, gorda, pesada e linda.