MARIQUINHA - 14a. PARTE

14ª. PARTE

NOVOS PLANOS

No dia seguinte acordei bem cedo e levantei-me contente com a vida. Parece que o dia estava mais claro, as flores exalavam mais perfumes e a brisa suave cantava mais alto na folhagem dos arvoredos. Desse dia em diante tudo mudou para mim e, creio, alguma coisa também mudou na vida de meus pais.

Eu já não me contentava com as roupas que tinha; estava sempre precisando de uma camisa nova, um par de sapatos da moda. Deixei de lado o meu chapeuzinho Ramenzoni, passei a tratar melhor os meus cabelos, com lavandas seguidas de aplicação de óleo Dirce; mais tarde, um barbeiro amigo me indicou um preparado chamado Glostora que passei a usar diariamente. Já não cortava os cabelos com qualquer barbeiro, sempre procurava o melhor. Em todas as noites ia à Fazenda de seu João namorar a Mariquinha. Fizemos até um plano de casamento. Naquelas noites de lua quando a força da natureza invadia nossas almas, entre beijos e carinhos, não falávamos em outra coisa que não fosse de nosso casamento. Mariquinha queria fazer uma casinha branca no alto de uma colina, rodeada de flores de todos os lados. Agora vivia rebuscando, nos livros e revistas nome fé flores e, na fazenda de seu pai, já preparara um jardim nos fundos do curral onde a terra era cheia de adubo bovino e passava um riacho para fazer a rega nos dias sem chuva. Ali era o refúgio dos colibris, creio até que era ali no jardim a reunião de todos os colibris que existissem na região. Era uma maravilha assisti-los na busca do néctar das flores. Mariquinha também queria um lago cheio de peixinhos nadando sem perigo de serem pescados. Mariquinha queria também que eu plantasse bastantes árvores frutíferas para passarinhos, para que todas as manhãs ouvíssemos os pássaros gorjeando perto da casa, como bibelôs da natureza.